Depois de anos “pisando nas nuvens”, as grandes organizações começam a se questionar se vale mesmo a pena delegar todo o armazenamento de seus dados a soluções de cloud. Os custos de operações desse tipo já tinham se mostrado elevados no passado recente, levando a um movimento de “(des)cloud” de algumas companhias.
Agora, as aplicações de inteligência artificial lançam uma necessidade de processamento muito maior do que qualquer outra tecnologia jamais demandou, agravando o problema. Diante disso, cabe investir mais em uma infraestrutura própria?
Essa é uma discussão importante, e não é exclusiva de organizações com faturamento bilionário. O debate envolve também uma mudança no mercado: as soluções em nuvens estão mais agressivas em ofertar descontos e se mostrarem financeiramente competitivas. Com a necessidade de manter quem já aderiu à nuvem se misturando à pressão para trazer novos clientes, os valores de operações em cloud já não são mais o vilão que pareciam até pouco tempo atrás.
Apesar de ser um caminho importante e saudável, a nuvem requer uma análise criteriosa de quais aplicações a empresa deseja colocar ali. Por exemplo, não adianta querer levar para cloud uma aplicação que não foi pensada para esse ambiente (cloud native), porque isso certamente vai resultar em um consumo maior de capacidade, eventualmente inviabilizando a empreitada.
Critérios de escolha
Entre ficar na nuvem ou chamar a maior parte da solução para si, há vários “caminhos do meio” possíveis. Para entender qual deles é viável e, mais importante, o que vai trazer maior retorno, é preciso ponderar sobre alguns aspectos específicos:
- Confiabilidade: se a empresa vai confiar o seu workload a uma terceirizada, esse é o primeiro item a ser avaliado. Via de regra, o índice de disponibilidade que esses provedores oferecem é altíssimo. Ainda que houvesse algumas interrupções no passado, a nuvem hoje tende a ser um ambiente mais disponível, e pode ser apenas uma questão de trocar de fornecedor, caso o atual não apresente os resultados esperados.
- Condições de transferência: em outras palavras, é possível fazer a migração sem interrupções na operação? É essencial buscar um parceiro que consiga garantir um TurnKey real – isto é, que algo que está operando hoje possa migrar para outro modelo no dia seguinte sem grandes atropelos para o negócio.
- Ambiente saudável: aqui a avaliação vai desde os aspectos da segurança da informação até a estabilidade que o serviço oferece. É a hora de examinar com calma o que o possível parceiro está oferecendo, para se certificar que você está levando uma solução para dentro de casa, e não um “cavalo de Tróia”, uma bomba-relógio que certamente vai explodir quando a qualidade do ambiente se mostrar incompatível com os desafios que ele deveria suportar.
- Maturidade tecnológica: o setor ou a vertical em que a empresa opera pouco influencia na escolha entre os possíveis modelos de armazenamento. Porém, o nível de atualização tecnológica em que ela se encontra é determinante. Se ela tiver aplicações atualizadas e trabalhando em nuvem pública, pode o caso de ela considerar migrar para a nuvem privada, já que fica mais fácil e mais seguro atuar em um ambiente próprio nesse caso. Porém, se foi uma aplicação que sofreu muitas alterações, ou que exigiu um esforço enorme para alcançar estabilidade, talvez não seja a hora de realizar essa mudança.
Batendo o martelo
Como visto, essa avaliação exige um profundo conhecimento técnico. Portanto, a decisão final sobre em qual ambiente operar não pode ser do negócio, já que ele não tem condições de enxergar as complexidades envolvidas na escolha. A decisão precisa ser da TI. Porém, é ingenuidade supor que o negócio vai permanecer alheio. Ele vai questionar e com razão a respeito das coisas que sempre buscou: estabilidade, escalabilidade e resiliência.
Esse questionamento é necessário. Ele vem do desejo de se certificar que a infraestrutura é capaz tanto de crescer, como de diminuir no momento em que cada uma dessas ações se fizerem necessárias. Já a TI tem que trazer o custo da operação para a sua vertical, ou seja, ela precisa ser diligente ao levar essa avaliação para o FinOps.
Não custa lembrar que essa escolha não é para estabelecer um cabo de guerra entre quem tem maior poder de decisão, e sim deixar a palvra final nas mãos de quem tem realmente condições de selecionar o que é melhor para o negócio.
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