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Gestão Estratégica ou Formalidade? O Verdadeiro Valor do Plano Diretor de Segurança da Informação

Em um cenário cada vez mais digitalizado e interconectado, a segurança da informação tornou-se um pilar estratégico essencial para a proteção dos ativos e operações empresariais. O Plano Diretor de Segurança da Informação (PDSI) é uma ferramenta estratégica que serve como uma bússola para guiar a organização em suas ações de segurança cibernética. Este plano estabelece diretrizes, políticas, processos e controles que garantem a confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações e ativos críticos da empresa, além de oferecer um roadmap clara para a implementação de medidas de segurança.

Um estudo recente da PwC revela que apenas 43% das empresas globalmente têm uma estratégia de Cibersegurança plenamente alinhada com seus objetivos organizacionais. Além disso, segundo uma pesquisa da Gartner, cerca de 30% das empresas desenvolvem e mantêm um Plano Diretor de Segurança da Informação atualizado de forma contínua.

Esses números indicam que, apesar da crescente conscientização sobre a importância da segurança cibernética, muitas organizações ainda falham em manter uma abordagem estruturada e atualizada. A ausência de um plano diretor formalizado e constantemente revisado aumenta significativamente o risco de exposição a ataques e incidentes cibernéticos.

No entanto, a grande questão que se levanta é: o PDSI é uma necessidade real ou apenas uma formalidade burocrática?

Necessidade Real ou Mera Formalidade?

Muitas organizações ainda tratam o PDSI como uma obrigação regulatória ou uma formalidade imposta pelo compliance, sem enxergar seu real valor estratégico. Para que o plano seja eficaz, é crucial que ele não seja apenas um documento técnico voltado para as áreas de TI e Segurança da Informação, mas sim uma diretriz integrada que envolva todas as áreas de negócio. Afinal, as ameaças cibernéticas não afetam apenas a infraestrutura tecnológica, mas também processos operacionais, decisões financeiras e a reputação da empresa.

Ao envolver departamentos de marketing, finanças, operações e recursos humanos, para citar alguns, a organização garante que todos os riscos sejam mapeados e os pontos vulneráveis sejam considerados no plano. Além disso, essa abordagem ampla torna a segurança da informação parte da cultura organizacional, em vez de um aspecto isolado da TI. O engajamento do C-Level também é fundamental, visto que a segurança da informação não pode ser vista apenas como um custo, mas como um investimento estratégico que protege e garante a continuidade do negócio.

Um exemplo claro de como um Plano Diretor de Segurança da Informação bem implementado pode fazer a diferença é o caso da Maersk, gigante do setor de logística e transporte marítimo. Em 2017, a empresa foi uma das vítimas do ataque cibernético global NotPetya, que causou enormes prejuízos financeiros em várias empresas ao redor do mundo. No entanto, a Maersk conseguiu reduzir significativamente o impacto do incidente graças ao seu PDSI robusto, que já estava em prática.

A empresa havia implementado uma estratégia abrangente de segurança da informação, o que permitiu uma resposta rápida e coordenada ao ataque. Embora o ataque tenha causado interrupções operacionais temporárias, o prejuízo estimado de US$300 milhões poderia ter sido muito maior sem um PDSI bem estruturado.

Ilustração mostra um escudo de proteção com cadeado contra vazamento de dados
Imagem gerada por Inteligência Artificial (IA)

O que considerar no desenvolvimento do Plano Diretor de Segurança da Informação?

O desenvolvimento de um PDSI exige uma análise detalhada de diversos aspectos fundamentais para a proteção da empresa. Primeiramente, é crucial identificar os ativos digitais mais importantes, os chamados joias da coroa, e suas respectivas vulnerabilidades e ameaças. Isso inclui dados sensíveis de clientes, propriedade intelectual e sistemas operacionais críticos. A partir dessa análise inicial, é possível criar políticas e controles que mitiguem os riscos específicos.

Para pequena e médias empresas (PMEs), o desenvolvimento de um PDSI pode parecer desafiador, mas ele não precisa ser complexo. O importante é que o plano seja adaptado à realidade e ao porte da organização. Para as PMEs, a recomendação é começar com uma análise de risco focada nos ativos mais importantes e estabelecer medidas de proteção de baixo custo, com políticas de acesso a dados e treinamento de conscientização para os colaboradores. A criação de um PDSI enxuto, mas eficaz, pode ajudar essas empresas a se protegerem de ataques sem exigir grandes investimentos financeiros.

Como conduzir na prática?

Colocar o Plano Diretor de Segurança da Informação em prática exige uma abordagem metódica e colaborativa. O primeiro passo é garantir que a criação do PDSI esteja alinhada com os objetivos estratégicos da empresa. A equipe responsável pelo desenvolvimento do plano deve conduzir conversas com os diferentes departamentos para entender suas necessidades e preocupações. Dessa forma, é possível mapear as vulnerabilidades específicas de cada área.

Após a criação do documento, é essencial definir ações mensuráveis e prazos realistas. Isso inclui desde a implementação de controles técnicos, como firewalls e sistemas de monitoramento, até iniciativas de governança, como a criação de políticas de privacidade e treinamento de conscientização. Para garantir o sucesso do plano, é necessário estabelecer KPIs (indicadores de sucesso) claros para monitorar o progresso das ações e realizar revisões periódicas para ajustar as estratégias conforme novas ameaças surgem.

Por fim, o Plano Diretor de Segurança da Informação, quando bem implementado, é uma necessidade real para todas as empresas, não apenas uma formalidade burocrática. Ele garante que as empresas, independentemente do seu porte, tenham uma abordagem proativa e integrada para proteger seus ativos e operações.

No entanto, para que o PDSI seja eficaz, ele deve ser desenvolvido com a participação de todas as áreas de negócio, adaptado à realidade da empresa e acompanhado por ações práticas e mensuráveis. Dessa forma, o plano não apenas supre exigências de compliance, mas também se torna uma ferramenta de proteção e continuidade para o sucesso organizacional em um cenário de risco crescente.

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