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terça-feira, agosto 19, 2025
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Qual o papel do programador com o surgimento e desenvolvimento da IA no século XXI?

Na década de 1950, surgiu oficialmente a Inteligência Artificial (IA). Diante desse avanço, vale discutir sobre a função do programador, que não tende a desaparecer, mas sim a mudar significativamente. Ele deixa de ser um mero executor técnico para tornar-se um estrategista cognitivo, um garantidor de valor humano e um coordenador de sistemas híbridos. A IA não substitui a mente do programador; ela a potencializa, redirecionando sua atenção das atividades mecânicas para decisões de grande impacto que demandam julgamento contextual, pensamento sistêmico e criatividade única.

No centro dessa transformação está a mudança da programação manual para a administração inteligente de ferramentas generativas, como a geração de códigos em diferentes linguagens. Os programadores não passam mais horas escrevendo funções básicas.

Em vez disso, utilizam prompts precisos para gerar trechos de código com a ajuda da IA. Seu valor está em saber o que solicitar, como validar os resultados e quando descartar soluções que aparentam estar corretas, além de detectar brechas de segurança disfarçadas em sintaxe perfeita e avaliar limitações de desempenho que a IA ignora por falta de contexto real.

A IA não resolve problemas mal definidos. Portanto, é responsabilidade do programador estruturar a ambiguidade, algo que as máquinas ainda não conseguem reproduzir. O programador também cria redes de segurança, como alertas para discriminação algorítmica em sistemas de recrutamento. Trata-se de um trabalho arquitetônico contra a fragilidade, em que o código humano compensa as limitações da inteligência artificial.

O programador como agente ético e integrador de sistemas

A dimensão ética tornou-se fundamental. Os programadores agora inserem valores nos sistemas, e não apenas lógica. Eles são responsáveis por garantir explicabilidade, como no caso de perguntas do tipo “Por que meu empréstimo foi negado?”, realizar verificações de equidade em conjuntos de dados de treinamento e criar barreiras contra usos maliciosos. Quando a IA propõe soluções tecnicamente sofisticadas, mas socialmente prejudiciais, como a demissão em massa para redução de custos, cabe ao programador exercer julgamento crítico e dizer “não”.

A complexidade dessa nova função também é determinada pela integração de ecossistemas híbridos. Nenhuma IA atua de forma totalmente independente. O programador coordena a interação entre modelos de linguagem e bancos de dados legados, mescla redes neurais com algoritmos tradicionais para superar limitações e estabelece pontos de intervenção humana em situações de alto risco, como na validação de diagnósticos médicos produzidos por IA. É uma dança de inteligências, na qual o humano dita o compasso.

O futuro da profissão e a centralidade do programador

Além disso, o programador torna-se um criador de modelos adaptados à realidade, alimentando a IA com dados de domínio específico, como prontuários médicos anonimizados ou contratos jurídicos. Ele ajusta hiperparâmetros e estabelece ciclos de feedback contínuo, por exemplo, quando usuários corrigem os resultados da IA, aprimorando-a de forma iterativa. A IA não aprende sozinha; ela precisa de orientação humana.

O paradoxo é revelador: quanto mais poderosa se torna a IA, mais essencial se torna o programador. Automatizando tarefas triviais, os profissionais podem concentrar-se em resolver problemas não padronizados, inovar diante de limitações físicas (como hardware) e criar experiências que integrem o digital ao humano. A IA atua como uma lente de aumento, potencializando as habilidades de quem tem uma base técnica sólida, mas expondo as limitações de quem depende apenas dela.

O programador do futuro não será apenas um digitador de código, mas um administrador de inteligência artificial, tratando-a como um recurso natural. Seu núcleo será o julgamento contextual, o ceticismo criativo e a visão sistêmica. A profissão não se reduz; ela se eleva. Enquanto houver desafios complexos, ambiguidade e a necessidade de traduzir intenções humanas em soluções tecnológicas, o programador, agora arquiteto cognitivo, continuará sendo insubstituível.

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