O decimo episodio da temporada conta com a presença de especialistas de peso como Alexandre Vallejo, diretor de vendas do segmento de energia na Nokia, e Leandro Galante, responsável pela área de networks da NEC, o debate se aprofundou em como a tecnologia tem se mostrado essencial para setores como energia, mineração, indústria e agronegócio.
Redes móveis privadas: conceito e necessidade
Leandro destacou de forma objetiva que a rede pública nunca foi desenhada para aplicações de missão crítica: “É como comprar uma roupa no varejo, enquanto a rede privada é um alfaiate: feita sob medida para as necessidades específicas da empresa”. O ponto central é a personalização: entender as dores da operação e construir a infraestrutura certa para endereçá-las.
A limitação de redes públicas, segundo ele, está em não se conseguir controlar o uso. Em um caso real, uma rede pública implementada para uso industrial sofreu degradação pela utilização de usuários comuns. A solução foi migrar para uma rede móvel privada, com controle total de QoS (Quality of Service), acesso e capacidade.
Evangelização e maturidade empresarial
Um dos pontos mais relevantes do debate foi a necessidade de evangelização dos executivos de tecnologia. Como afirmou Leandro, “ainda falta compreensão sobre o que uma rede móvel privada pode trazer de valor”. Muitas empresas iniciam essa jornada sem entender o potencial real, limitando-se a comparações superficiais entre 4G e 5G, por exemplo.
Alexandre reforçou que cada setor possui demandas específicas. “Estamos falando de mineradoras, utilities, óleo e gás. Empresas cujo core business não é telecom. Nosso papel é entender a dor e aplicar a tecnologia certa”.
4G vs 5G: complementaridade e estratégia
A discussão avançou para uma análise detalhada entre 4G e 5G. Segundo Leandro, o 4G continua sendo extremamente eficiente para a maior parte das aplicações industriais. “Toda a nossa vida digital funciona hoje com 4G. Por que não utilizá-lo em um ambiente privado com requisitos bem definidos?”
Alexandre complementa: “O 5G é ideal para aplicações de altíssima demanda, como operações telecomandadas com múltiplas câmeras. Mas o 4G privado bem dimensionado é mais do que suficiente para 70% a 80% dos casos”.
Essa complementaridade permite uma abordagem híbrida: cria-se uma base com 4G e utiliza-se o 5G em pontos específicos. É a estratégia adotada por operadoras e agora trazida para o ambiente empresarial.
Arquitetura e resiliência em missão crítica
Ao abordar os requisitos de infraestrutura para garantir resiliência, Leandro mencionou a subestimação de itens como energia e conectividade redundante. Planejar uma rede móvel privada implica considerar alimentação elétrica de fontes distintas, redundância de fibras ópticas e radiofrequência planejada para mitigar falhas.
Alexandre trouxe o caso das utilities, onde a regulação exige altíssima confiabilidade. “Redes sub-GHz permitem cobertura ampla com baixa infraestrutura, essenciais para viabilizar smart grid, telemetria de viaturas e operação remota em campo”.
Edge Computing e segurança cibernética
Edge Computing apareceu como um pilar para aplicações de missão crítica. “Processar dados na borda reduz latência e alivia a rede”, explicou Leandro, citando casos como videomonitoramento e tratores autônomos.
Na segurança, ambos enfatizaram o papel do fator humano como elo mais fraco. Além disso, abordaram práticas como firewalls, redes dedicadas, gestão de SIM cards e segmentação lógica para proteger aplicações críticas. Alexandre destacou que a Nokia embarca funcionalidades de cibersegurança em seus produtos, como o NDAC, para fortalecer a proteção.
Justificando o investimento: ROI, escalabilidade e estratégia
O ROI de uma rede móvel privada depende da visão estratégica. “O investimento é pequeno perto do que se economiza com produtividade, segurança e redução de deslocamentos”, afirma Alexandre. Para Leandro, a chave é colaborar com o cliente para mapear o impacto real das aplicações.
A escalabilidade normalmente começa por um piloto. “Começa com uma unidade, aprende, e depois replica”, diz Leandro. Mas é essencial planejar a arquitetura desde o início pensando na expansão.
O novo papel do líder de TI
O líder de TI hoje precisa dominar tanto hard skills (cloud, virtualização, IA) quanto soft skills como liderança de equipes remotas e storytelling para convencer decisores.
Alexandre destaca: “O papel do líder é habilitar a estratégia do negócio, ser parceiro do time operacional, e ancorar-se em integradores e fornecedores sólidos”.
Colaboração em ecossistema: a chave para inovação
A discussão terminou com um chamado à colaboração entre fornecedores, integradores e operadoras. “Poucos têm soluções completas. É preciso trabalhar em ecossistema para entregar valor ao cliente”, afirmou Leandro.

Alexandre finalizou reforçando que os resultados dessas iniciativas não beneficiam só as empresas envolvidas, mas todo o mercado.
Redes móveis privadas como estratégia crítica
Ficou evidente que as redes móveis privadas deixaram de ser uma tendência para se tornarem infraestrutura essencial em operações críticas. Com uma abordagem bem planejada, elas se mostram acessíveis, escaláveis e altamente vantajosas para as organizações brasileiras.
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