O Ministério de Minas e Energia (MME) autorizou oficialmente a Renova Energia a conectar seu novo data center Satoshi I_B, localizado em Igaporã (BA), à rede elétrica nacional. A instalação será interligada por uma linha de transmissão de 22 km até a Subestação Igaporã III, administrada pela Chesf, subsidiária da Eletrobras. O empreendimento é estratégico não apenas para a companhia, mas também para consolidar o Nordeste brasileiro como polo de data centers sustentáveis, em sintonia com a crescente demanda do país por infraestrutura digital de alto desempenho.
O despacho publicado pelo MME destaca que o pedido da Renova atende aos critérios de menor custo global de interconexão, além de estar compatível com o planejamento de expansão do setor elétrico para os próximos cinco anos. O projeto prevê entrada de linha de 34,5 kV com barramento único, conectando-se diretamente à Subestação Elevatória Tamboril II, já em operação na região.
Processo regulatório e próximos passos
Apesar do sinal verde inicial, o início da operação depende de aprovação final da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). A Renova também deverá cumprir procedimentos de rede, normas técnicas e exigências de segurança para integração plena ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
O cronograma do projeto indica que o Satoshi I_B deve entrar em operação em dezembro de 2025, reforçando o plano da companhia de criar um ecossistema de data centers sustentáveis. A estratégia é aproveitar a infraestrutura já existente no Complexo Eólico Alto Sertão III, localizado na Bahia, que fornecerá energia limpa para as novas unidades.
Plano de expansão: cinco novos data centers na Bahia
O Satoshi I_B é apenas o primeiro de seis projetos que a Renova planeja para a Bahia. Outros cinco data centers da linha “Satoshi” estão em fase inicial de avaliação pelo MME. A empresa já assinou contratos de uso do sistema de transmissão com o ONS, assegurando 81 MW de capacidade no SIN para abastecimento de seus futuros data centers.
Essa potência representa cerca de 15% da capacidade total instalada de data centers no Brasil, atualmente estimada em 600 MW, segundo dados setoriais. Ao investir em infraestrutura própria e oferecer energia renovável para operações de TI, a Renova se posiciona como fornecedora estratégica para empresas que buscam reduzir emissões de carbono e adotar modelos de colocation com energia limpa.
Modelo operacional híbrido e tendências do setor
A estratégia da Renova é fornecer energia, infraestrutura elétrica e suporte técnico, enquanto a operação dos data centers será realizada por empresas especializadas. Esse modelo híbrido segue uma tendência global que separa a gestão da infraestrutura física da operação tecnológica, otimizando custos e aumentando a eficiência energética.
Para líderes de TI e executivos do setor, a iniciativa sinaliza um novo ciclo de investimentos em infraestrutura crítica no Brasil, em um contexto marcado pela digitalização acelerada, demanda por computação em nuvem, IA generativa e processamento de alto desempenho (HPC). Ao integrar energia renovável e infraestrutura de data centers, a Renova avança na direção de soluções digitais sustentáveis, alinhadas a políticas ESG e às exigências de grandes corporações globais.
Bahia como novo hub de data centers verdes
O avanço dos projetos Satoshi coloca a Bahia em posição estratégica no mapa digital do Brasil. A combinação de energia renovável abundante, custo competitivo de interconexão, disponibilidade de terreno e sinergia com complexos eólicos faz do estado um destino atrativo para novos investimentos.
Se o plano da Renova se concretizar, até o fim de 2025 a região poderá contar com seis data centers interligados ao SIN, tornando-se um dos principais polos de serviços digitais sustentáveis do país. Para o setor de TI corporativo, isso significa maior disponibilidade de infraestrutura, redução de riscos operacionais e novas oportunidades de parcerias estratégicas.
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