A resiliência cibernética, elemento essencial na defesa de qualquer organização contra ameaças digitais, vai muito além da implementação de tecnologias avançadas. De acordo com Fletcher Heisler, CEO da Authentik Security, o verdadeiro pilar da segurança cibernética está na capacitação das pessoas e na integração de uma cultura de segurança, que vai além da simples utilização de ferramentas. Em sua visão, a chave para a proteção eficaz das organizações é criar um ambiente onde todos saibam como aplicar as tecnologias de maneira inteligente e eficiente, priorizando, antes de tudo, o conhecimento humano.
Ferramentas sozinhas não são suficientes
Heisler, que tem uma longa trajetória na área de segurança cibernética e tem visto o setor evoluir desde seus primeiros dias, compartilha uma percepção crítica: apesar dos significativos investimentos em ferramentas de segurança, muitas empresas falham em operacionalizá-las corretamente. As soluções tecnológicas são amplamente adotadas, mas a integração delas aos fluxos de trabalho diários das equipes de TI, desenvolvedores e outros profissionais de segurança cibernética, muitas vezes, não é realizada de forma eficaz.
Esse descompasso entre a aquisição de ferramentas e a sua aplicação prática nos processos da organização cria uma vulnerabilidade ainda maior. De acordo com Heisler, é comum que as ferramentas de segurança estejam instaladas, mas não sejam usadas de forma otimizada ou até mesmo não estejam bem adaptadas ao ritmo dinâmico das operações da empresa. O problema não está nas ferramentas em si, mas na falta de integração das mesmas com os processos de resposta a incidentes e na ausência de uma cultura de segurança no ambiente corporativo.
A cultura de segurança como base da resiliência
A verdadeira resiliência cibernética não é construída apenas por auditorias de segurança ou pela cobertura das ferramentas, mas pela capacitação das pessoas que interagem com essas soluções. Heisler destaca que todos os envolvidos no ecossistema de segurança de uma empresa, desde os desenvolvedores que criam o código até os executivos responsáveis pelas decisões orçamentárias, precisam entender a importância de aplicar as soluções de segurança no dia a dia de maneira estratégica.
Essa abordagem começa com o treinamento adequado, que deve ser contínuo, e não apenas uma exigência periódica. As equipes de segurança precisam entender não só como utilizar as ferramentas, mas como tomar decisões rápidas e informadas diante de ameaças. Isso implica em uma compreensão mais profunda dos riscos e dos contextos, algo que vai muito além da simples conformidade com as regulamentações de segurança.
Integrando IA na segurança cibernética com cautela
Embora a Inteligência Artificial (IA) seja uma tendência crescente no campo da segurança cibernética, Heisler enfatiza que é fundamental ter uma abordagem cautelosa ao integrá-la nos processos de segurança. A IA pode, sem dúvida, oferecer grandes benefícios, como a análise de grandes volumes de dados em tempo real e a automação de tarefas repetitivas. No entanto, a aplicação de IA na segurança deve ser realizada com atenção, garantindo que os profissionais de segurança continuem a ter controle sobre os processos e que as decisões baseadas em IA não substituam o julgamento humano.
Heisler argumenta que a IA deve ser encarada como uma ferramenta que complementa a inteligência humana, e não como um substituto para ela. A confiança excessiva em soluções automáticas pode resultar em falhas graves de segurança, caso o contexto seja mal interpretado pela máquina. Portanto, o treinamento humano e o acompanhamento contínuo dos profissionais de TI são essenciais para garantir que as tecnologias de IA sejam usadas corretamente e com responsabilidade.
Processos e pessoas: o Papel fundamental das decisões bem-informadas
Quando se trata de segurança cibernética, a abordagem mais eficaz envolve um alinhamento robusto entre pessoas, processos e tecnologia. Heisler destaca que, embora as ferramentas sejam vitais para a defesa, elas não podem substituir a capacidade das equipes em tomar decisões rápidas e precisas. A integração dos processos de segurança dentro da operação diária da empresa é essencial para que, quando ocorrer uma tentativa de violação, a organização possa responder de maneira coordenada e eficaz.
Isso implica em ter uma mentalidade de preparação contínua, onde todos na organização estão cientes de suas responsabilidades e sabem como agir em resposta a incidentes cibernéticos. A criação dessa cultura de segurança começa no topo da organização, com os líderes tomando decisões estratégicas que priorizem a capacitação das equipes e o investimento em processos que realmente reduzam os riscos.
A resiliência cibernética é uma jornada coletiva
A verdadeira resiliência cibernética não é sobre a implementação da ferramenta mais nova ou mais avançada, mas sim sobre garantir que todas as camadas da organização, desde os desenvolvedores até a alta liderança, estejam preparadas para lidar com as ameaças de forma eficaz. Investir em treinamento contínuo, na integração de processos e na construção de uma cultura sólida de segurança é o que garante que as empresas possam responder de maneira ágil e inteligente a incidentes cibernéticos.

O futuro da segurança cibernética será cada vez mais definido pela capacidade das organizações de alinhar suas equipes humanas com as tecnologias mais avançadas, criando uma defesa mais forte, resiliente e preparada para os desafios do mundo digital.
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