A resiliência digital deixou de ser uma questão exclusiva da infraestrutura física de TI e agora envolve a capacidade de um serviço digital continuar funcionando, mesmo quando um componente da cadeia de suprimentos falha. Com um número crescente de dependências externas, como provedores de serviços terceirizados e fornecedores de fornecedores, as empresas devem adotar uma abordagem mais ampla para garantir a continuidade de seus serviços. E, para isso, a visibilidade e a gestão da cadeia de entrega digital se tornaram peças chave.
O Novo Conceito de Resiliência Digital
Historicamente, a resiliência estava associada à capacidade de reiniciar ou recuperar rapidamente a infraestrutura física de TI, como servidores e data centers, após uma falha. A ideia de “manter as luzes acesas” indicava uma preparação rigorosa para eventos inesperados, com redundâncias como fontes de alimentação extras e geradores de backup prontos para entrar em ação.
Embora essa definição ainda seja relevante, especialmente após falhas em data centers que afetaram gravemente o funcionamento de diversos serviços digitais, a resiliência digital, no contexto atual, tem um significado mais amplo. Ela não diz respeito apenas à infraestrutura sob o controle direto das empresas, mas também à capacidade de garantir a continuidade dos serviços em um cenário onde a entrega de soluções digitais depende de múltiplos fornecedores e sistemas externos.
Desafios na Cadeia de Suprimentos Digital
Na economia digital moderna, a entrega de serviços digitais não é mais uma tarefa isolada de um único data center. Ela envolve uma rede complexa de fornecedores, abordando serviços e parceiros, decisões e falhas podem ter impactos profundos em toda a cadeia de entrega digital. A falta de visibilidade ponta a ponta torna difícil identificar a causa de problemas e falhas que afetam a experiência do usuário final.
Esses desafios tornam claro que a resiliência digital não pode ser vista de forma simplista. Envolva infraestrutura sob controle direto e também indiretamente, em que as organizações precisam ampliar sua visão e estratégias para controlar, monitorar e prevenir falhas não apenas dentro de seus parâmetros, mas também além delas. Falhas em um elo da cadeia podem comprometer todo o sistema, evidenciando a necessidade de eliminar pontos únicos de falha e de aplicar controles rigorosos, mesmo em sistemas que não estão diretamente sob controle da organização.
Resiliência Digital como Questão de Continuidade de Negócios
O conceito de resiliência digital vai além de uma preocupação técnica: ela é essencial para a continuidade dos negócios. A falha de um serviço digital pode ter consequências econômicas severas e prejudicar a confiança de uma empresa. Portanto, a resiliência digital não se limita a proteger os sistemas internos da empresa, mas deve garantir que todos os pontos de sua cadeia de valor digital estejam preparados para lidar com incidentes inesperados.
À medida que as organizações adotam abordagens proativas de gerenciamento de riscos, que englobam não apenas os sistemas sob seu controle, mas também aqueles que não controlam diretamente. Isso exige a aplicação de ferramentas que proporcionem visibilidade sobre as dependências e que permitam monitorar constantemente a saúde de toda a cadeia de entrega digital.
O Papel das Políticas Governamentais
Governos de diversas partes do mundo estão começando a considerar a complexidade das cadeias de suprimentos digitais interdependentes e a necessidade de garantir uma resiliência robusta em serviços digitais críticos. A União Europeia, por exemplo, implementou a Lei de Resiliência Operacional Digital (DORA), que impõe requisitos rígidos de resiliência para serviços financeiros, incluindo a obrigatoriedade de monitoramento contínuo da infraestrutura de TI, bem como das redes de fornecedores terceirizados.
Nos Estados Unidos e na Austrália, as legislações também estão sendo reforçadas para garantir a continuidade dos serviços digitais essenciais, especialmente em setores como serviços financeiros e infraestrutura crítica. Essas regulamentações excluem que as empresas assumam a responsabilidade total por toda a sua cadeia de suprimentos digitais, independentemente do controle direto que possuíam sobre ela.
Tecnologias para Garantir a Visibilidade e a Resiliência
Para enfrentar os desafios da resiliência digital, à medida que as organizações estão adotando tecnologias que acompanham a saúde de suas cadeias de entrega digital. Ferramentas como o monitoramento de transações sintéticas (STM) e o monitoramento de usuários reais (RUM) têm resultados mostrados para avaliar a experiência do usuário, identificando falhas antes que elas impactem os resultados de negócios.
Além disso, as soluções de visibilidade entre domínios estão permitindo que as empresas compreendam melhor as dependências subjacentes e a dinâmica de suas cadeias de suprimentos digitais. Isso é particularmente fundamental num cenário em que as empresas precisam garantir que todas as partes envolvidas na entrega de seus serviços funcionem de forma integrada e sem falhas.
O Futuro da Resiliência Digital
À medida que a economia digital evolui, a resiliência digital será cada vez mais um fator determinante para o sucesso de qualquer organização. A capacidade de prever, detectar e responder rapidamente a incidentes que afetam a entrega de serviços digitais será um dos principais diferenciais competitivos. Para isso, as empresas precisarão contar com uma infraestrutura robusta de monitoramento e controle, além de políticas de segurança que englobem todos os pontos críticos de sua cadeia de valor digital.
A resiliência digital não se resume a uma estratégia isolada, mas envolve uma abordagem integrada que leva em conta todos os aspectos da entrega de serviços digitais. Em um mundo interconectado, a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças e de garantir a continuidade dos serviços será essencial para sustentar a confiança do cliente e a competitividade no mercado.
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