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sábado, maio 24, 2025
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China inicia construção do primeiro supercomputador espacial com 12 satélites interconectados

A China deu um passo decisivo rumo a uma nova era na computação de alto desempenho ao lançar os primeiros 12 satélites de uma constelação orbital destinada à construção do primeiro supercomputador espacial do mundo. Batizado de “Star Compute”, o projeto ambiciona formar uma rede com até 2.800 satélites equipados com inteligência artificial avançada, capazes de operar de forma autônoma e interligada diretamente no espaço.

Cada satélite conta com um modelo de IA com 8 bilhões de parâmetros e capacidade de realizar até 744 trilhões de operações por segundo (TOPS). Em conjunto, os 12 satélites iniciais já em órbita somam um poder de 5 POPS (peta operações por segundo). Quando concluída, a rede deve atingir a impressionante marca de 1.000 POPS — um salto sem precedentes no processamento descentralizado de dados fora da Terra.

Projeto chinês inaugura nova fronteira para data centers

Desenvolvido pela startup ADA Space, em colaboração com o Zhijiang Laboratory e a Neijang High-Tech Zone, o programa integra a chamada “Constelação de Computação Três-Corpos” — uma clara alusão à ficção científica chinesa que inspira avanços tecnológicos reais. Os satélites foram enviados ao espaço por um foguete Long March 2D, lançado da base de Jiuquan, no noroeste da China.

A proposta vai além de simplesmente coletar dados. Diferente dos satélites convencionais, que dependem de estações terrestres para processar as informações, os novos equipamentos são autônomos: eles processam os dados localmente, no espaço, reduzindo o tempo de resposta e as perdas na transmissão. Hoje, estima-se que menos de 10% dos dados captados por satélites tradicionais chegam ao solo de forma utilizável.

Outro diferencial é a interconexão via comunicação a laser, que promete velocidades de até 100 Gbps e elimina os gargalos típicos da comunicação por rádio. A constelação ainda contará com um sistema compartilhado de 30 terabytes de armazenamento distribuído, otimizando o acesso e o compartilhamento de dados entre os nós da rede orbital.

Aplicações científicas e comerciais de alto impacto

Além de sua função como supercomputador espacial, os satélites também transportam cargas úteis científicas. Um dos destaques é um detector de polarização de raios X, projetado para captar eventos cósmicos efêmeros, como explosões de raios gama — essenciais para a astrofísica moderna.

A capacidade de processar dados tridimensionais em tempo real também abre caminho para usos mais amplos. Entre as aplicações previstas estão simulações para resposta rápida a desastres naturais, modelagem de ambientes para turismo digital e desenvolvimento de jogos com realismo extremo.

Vantagens ambientais e estratégicas dos data centers orbitais

Especialistas veem no projeto chinês uma virada de chave na arquitetura de infraestrutura computacional global. O vácuo espacial oferece vantagens únicas para a operação de supercomputadores, como dissipação térmica natural e fornecimento direto de energia solar, eliminando boa parte dos impactos ambientais dos data centers terrestres, que consomem grandes quantidades de eletricidade e exigem complexos sistemas de refrigeração.

Segundo Jonathan McDowell, astrônomo do Centro de Astrofísica da Universidade de Harvard, o movimento da China pode acelerar uma corrida tecnológica no setor, com Estados Unidos e Europa acompanhando de perto e eventualmente lançando projetos semelhantes.

A corrida pelo domínio do espaço computacional

O avanço chinês ocorre em um momento em que a infraestrutura computacional global enfrenta desafios de escalabilidade, consumo energético e latência. A descentralização dos centros de dados — agora estendida ao espaço — representa uma alternativa estratégica para suportar o crescimento exponencial da demanda por processamento, sobretudo para aplicações de IA, edge computing e big data.

A proposta chinesa também sinaliza o interesse crescente por soluções que combinem computação de alto desempenho com exploração espacial, antecipando um futuro em que o espaço deixará de ser apenas um ponto de observação e se tornará parte ativa da cadeia de dados da economia digital global.

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