Produção de medicamentos radiofármacos é suspensa após tentativa de ataque hacker ao Ipen
O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) anunciou a suspensão temporária da produção e fornecimento de medicamentos radiofármacos após uma série de tentativas de ataques cibernéticos aos seus servidores de rede e estações de trabalho, ocorridas na sexta-feira, 28 de março de 2025. A medida foi tomada como precaução, garantindo a integridade dos dados e a segurança das operações, enquanto as investigações sobre o incidente continuam.
Os radiofármacos afetados são essenciais para a medicina nuclear, utilizados tanto no diagnóstico quanto no tratamento de doenças graves. Entre os medicamentos cuja produção foi suspensa, estão:
- Iodo-131: utilizado no tratamento de doenças da tireoide;
- Lutécio-177: empregado no tratamento de tumores neuroendócrinos, especialmente no pâncreas e trato gastrointestinal;
- Tálio-201: usado em cintilografias miocárdicas para avaliar o fluxo sanguíneo no coração;
- Guan-IPEN-131 (MIBG): utilizado na localização de tumores neuroendócrinos;
- Gerador de tecnécio-99m: essencial para exames de imagem no diagnóstico de várias condições;
- Citrato de gálio-67: utilizado em cintilografias para detectar inflamações, infecções e cânceres, como linfomas.
Medidas de segurança após ataque cibernético
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) esclareceu que, apesar do incidente cibernético, a segurança física, radiológica e nuclear das instalações não foi comprometida. A CNEN ressaltou, no entanto, que, para preservar a integridade do ambiente de TI, foi necessário desconectar o Ipen da rede externa, incluindo o acesso à internet. Essa medida visa evitar novos ataques enquanto as ações preventivas são implementadas.
A CNEN também destacou que a retomada das atividades exige atenção total à qualidade dos produtos, à documentação e aos requisitos dos órgãos regulatórios. Todas as ações seguem padrões rigorosos de proteção radiológica, garantindo a segurança de trabalhadores, profissionais da saúde, pacientes e do meio ambiente.
Como os ataques cibernéticos afetam a produção de medicamentos
Embora ainda não seja possível determinar as motivações exatas do ataque, o incidente foi altamente sofisticado. Técnicas avançadas foram empregadas pelos atacantes, o que permitiu que as defesas de segurança do Ipen fossem ultrapassadas. A investigação sobre o caso segue em andamento, com as autoridades focadas em entender os detalhes do ataque e em mitigar os danos.
A CNEN também enfatizou que o evento não se trata de um incidente trivial e está recebendo grau máximo de prioridade em sua tratativa. A comissão está trabalhando de maneira intensiva para garantir que todos os protocolos de segurança cibernética sejam reforçados.
Segurança cibernética no Ipen e na CNEN
Nos últimos anos, a CNEN tem dedicado esforços significativos ao fortalecimento da segurança cibernética, com a modernização das redes, a aquisição de softwares e hardwares de proteção e a capacitação contínua de suas equipes, incluindo treinamentos especializados. Além disso, desde 2023, a CNEN conta com uma área específica de segurança cibernética, que tem atuado ativamente para prevenir, tratar e responder a incidentes cibernéticos em todas as suas unidades, incluindo o Ipen.
Impacto no fornecimento de medicamentos radiofármacos
A suspensão da produção de radiofármacos pode causar transtornos temporários, especialmente para pacientes que dependem desses tratamentos vitais, como aqueles com doenças da tireoide ou tumores neuroendócrinos. A CNEN assegura que todos os esforços estão sendo feitos para retomar as atividades com a máxima segurança, observando as normas e protocolos rigorosos para garantir a integridade do processo de produção e o atendimento contínuo às necessidades da população.
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