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terça-feira, julho 29, 2025
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Privacidade de dados: como a TI pode fechar a lacuna entre conformidade e realidade operacional

A responsabilidade pela privacidade de dados deixou de ser exclusividade das áreas jurídicas e de compliance. No cenário atual, dominado por regulamentações rígidas e ambientes digitais cada vez mais dinâmicos, essa missão tornou-se um imperativo operacional para as lideranças de TI. Mais do que fornecer suporte técnico, os CIOs e CISOs agora são peças-chave na construção de uma governança robusta de dados, sendo cobrados por respostas assertivas diante de conselhos administrativos, auditores e órgãos reguladores.

O desafio é duplo: além de garantir conformidade, a TI precisa lidar com realidades operacionais marcadas por equipes enxutas, processos manuais, sistemas descentralizados e falta de visibilidade sobre o ciclo de vida dos dados, especialmente quando estes circulam entre fornecedores e integrações diversas.

O novo papel da TI na governança da privacidade

Hoje, quando surgem problemas de privacidade ou auditorias inesperadas, os holofotes recaem sobre os times de tecnologia. Embora nem sempre sejam os detentores formais dos riscos, são eles os responsáveis pelas ferramentas que oferecem a visibilidade e os controles exigidos pelas leis. Isso inclui monitorar fornecedores terceirizados, registrar atividades de processamento de dados e, cada vez mais, controlar o uso de dados em sistemas que envolvem inteligência artificial.

Esse cenário exige da TI uma postura proativa e estratégica, indo além do papel tradicional de suporte para atuar como facilitadora da conformidade em tempo real.

Descompasso entre expectativa e execução

O desalinhamento entre as crescentes demandas regulatórias e os recursos disponíveis dentro das organizações é evidente. Equipes de privacidade operam com estruturas enxutas, isoladas das operações técnicas, e dependem da TI para construir uma responsabilidade centralizada sobre os dados. Mas a TI nem sempre possui a autoridade, tampouco a visibilidade, para assumir essa incumbência de forma efetiva.

A consequência é um ecossistema de dados onde não há uma única fonte de verdade, os dados fluem por múltiplos sistemas sem rastreabilidade clara. Isso dificulta o monitoramento e a resposta a incidentes, e torna as empresas vulneráveis a sanções regulatórias por incapacidade de demonstrar ações preventivas ou apresentar documentação comprobatória.

Riscos ocultos em fornecedores e integrações

Outro fator crítico é o risco de terceiros. A maioria das equipes de privacidade desconhece quais fornecedores têm acesso a dados pessoais. Essa falta de visibilidade cria zonas cinzentas de responsabilidade e conformidade, impactando diretamente a liderança de TI. Em muitos casos, processos de integração e inventário de dados são baseados em catálogos genéricos ou APIs mal documentadas, o que contribui para a perda de controle.

Integrações pré-montadas nem sempre atendem à lógica de negócio da organização, e sem visibilidade ou colaboração entre as áreas, falhas de segurança e vazamentos de dados se tornam praticamente inevitáveis.

Estratégias para fechar a lacuna

Mapeamento de dados como pilar estratégico

Implementar um mapeamento de dados robusto é o primeiro passo. Essa prática cria um inventário dinâmico, permitindo a visualização dos caminhos percorridos pelos dados dentro da organização e quem tem acesso a eles. Idealmente, esse inventário deve ser acessível por todas as equipes envolvidas, TI, jurídico, compliance, e servir como fonte única de verdade sobre o ecossistema de dados.

Automatização como diferencial de conformidade

A automação tem papel decisivo nesse processo. Soluções inteligentes podem sinalizar riscos, registrar atividades, monitorar comportamento de terceiros e gerar evidências de conformidade em tempo real. Quando ocorre uma violação, o histórico automatizado permite comprovar que todas as medidas foram tomadas para evitar o incidente, o que pode minimizar penalizações.

Adoção de integrações sem código

As integrações sem código (no-code) representam um divisor de águas. Elas permitem que as equipes criem e personalizem conexões entre sistemas de maneira ágil, sem depender de desenvolvedores. Isso acelera o atendimento de solicitações de titulares de dados (DSRs), automatiza registros de atividades (RoPAs) e reduz gargalos operacionais.

Uso de agentes de IA para suporte contínuo

O uso de agentes de inteligência artificial vai além da automação de tarefas. Essas ferramentas analisam padrões de uso e classificações de dados em tempo real, sugerindo melhorias, antecipando riscos e otimizando a criação de registros obrigatórios. Na prática, tornam-se verdadeiros copilotos na jornada de conformidade com privacidade.

Transformar a conformidade em vantagem competitiva

A falta de visibilidade sobre os dados não é apenas um problema técnico, é uma falha organizacional. Para os líderes de TI, cada brecha pode se tornar uma oportunidade estratégica. Ao promover visibilidade, colaboração e automação, a TI assume um papel central na construção de uma cultura corporativa resiliente, responsável e alinhada às exigências legais e de mercado.

Privacidade e conformidade não devem ser vistas como entraves, mas como alicerces de uma operação ágil, segura e preparada para crescer em um cenário regulatório em constante evolução.

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Cíntia Ferreira
Cíntia Ferreira
Chief Operating Officer no Itshow, portal líder de notícias em Tecnologia e Telecom, com base em São Paulo. Com ampla experiência em gestão operacional e estratégia de alto impacto, ela conduz iniciativas que impulsionam inovação, eficiência e operações escaláveis. Reconhecida por liderar equipes multidisciplinares e integrar soluções de negócios e tecnologia,
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