Nos últimos anos, empresas de todos os setores investiram fortemente em transformação digital, buscando inovação para acompanhar a velocidade das startups e responder às novas demandas do mercado. No entanto, após os primeiros esforços, muitas organizações enfrentam um desafio comum: como manter esse movimento vivo e evitar que se torne apenas um modismo passageiro?
O movimento ficou muito forte em empresas tradicionais para gerar uma resposta à velocidade empreendida pelas diversas startups, necessidade de se “digitalizar” e colocar o cliente no centro de suas ações.
Desde o lançamento do ChatGPT em 2022, a Inteligência Artificial se tornou o foco central dos programas de inovação. O objetivo? Manter a transformação digital ativa e garantir a relevância das empresas no mercado.
A transformação digital não pode ser encarada como um projeto com começo, meio e fim. Para ser bem-sucedida, ela deve se integrar à cultura da empresa, alinhando-se à sua missão e valores.
Programas de transformação digital não deve focar em tecnologia e sim nas pessoas. A tecnologia sempre irá evoluir, mas a decisão de adotar ou não de um produto digital será sempre influenciado por pessoas.
Anos atrás quando se falava do mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), acredito que poucos pensavam que chegaríamos a um extremo no qual o grau de incerteza é extremamente alto, dado o salto e o lançamento quase diários de soluções de Inteligência Artificial. Certamente esse novo estágio da Inteligência Artificial traz muitas celebrações pelas possibilidades e potenciais de aplicação, porém gera muito receio e medo devido ao impacto que pode gerar no longo prazo.
Com todo esse cenário como manter a chama da transformação digital acesa?
Em primeiro lugar, é necessário alinhar o movimento ou o programa com as estratégias do negócio, tratando e priorizando as ações com os objetivos e metas que a empresa define para este e os próximos anos. Falhar nesse alinhamento, traz uma redução da relevância e falta de evolução para a camada de direção e conselho.
Em seguida, os objetivos devem ser definidos para gerar resultado nos negócios. Os ponteiros precisam ser movimentados e caso seja a oportunidade, novas possibilidades de geração de produtos e oportunidades devem ser criadas. Nas empresas onde o objetivo é a eficiência no uso dos recursos, os resultados precisam ser tangíveis e refletir nos orçamentos, pois caso contrário trará um sentimento que o investimento não se paga.
A motivação para se manter programas de transformação digital é seguir em um processo contínuo de aprendizado com implementações pequenas, com possibilidades de se alterar o caminho com base no feedback contínuo e próximo do negócio. Esse movimento cultural precisa permanecer e se perpetuar nas empresas, mesmo que um programa não seja mais necessário para impulsioná-lo. Afinal, a necessidade de se beneficiar da revisão contínua de processos, gerar movimentos de adequação às mudanças que sempre virão e ajustes nos pacotes de tecnologia para criar possibilidades de negócio e até novos negócios é permanente.
Como atender um cenário onde toda uma geração demanda por propósito como direcionamento para sua vida pessoal e profissional? As ações de uma empresa devem ser adequadas para servir ao que ela definiu como missão e os valores que prega, indo de encontro ao propósito.
Seguir em um processo de transformação contínua demanda alinhamento com essa missão e deveria não se limitar a permear os valores, mas ser parte integrante dos mesmos, promovendo suas características culturais que ventilam normalmente nas empresas como: aprendizado contínuo através da experimentação e feedback próximo do negócio, compondo os elementos de uma cultura ágil (onde reforço que não deve se tratar aqui de velocidade para lançamento e sim da proximidade de retorno ou ajuste quando se lança novos negócios, produtos ou recursos).
Para permanecer relevantes, os programas de transformação digital ou ações de cultura que permeiam a digitalização, devem focar em serem parte da cultura da empresa, afinal o tão citado Peter Drucker sempre nos lembra que a cultura come a estratégia no café da manhã.
Adicionalmente, devem trabalhar os itens priorizados nos planejamentos estratégicos visado estar ajustado às entregas esperadas de curto, médio e longo prazos. Além de alocar os recursos de projeto de forma alinhada às prioridades definidas, evitando sobre alocar recursos.
O programa deve possuir indicadores-chave de desempenho (Key Performance Indicators ou KPIs) definidos e alinhados com as entregas esperadas, incluindo indicadores de impacto no desempenho de negócio ou na lucratividade esperada através do caso de negócio abordado. Afinal, o que não é medido, não é gerido (outra citação famosa).
É importante que os times, equipes multidisciplinares formados para tratativa dos produtos e processos digitais sejam balanceados com integrantes técnicos, especialistas de negócio e um representante que seja empoderado pelo negócio para a tomada de decisão, garantindo a representatividade necessária para que os incrementos construídos permaneçam alinhados à estratégia e sejam modificados sempre que necessário.
Resumindo, o que foi abordado aqui:
- Programas de transformação digital devem fazer parte da cultura da empresa, incluindo uma etapa de adaptação se necessário. A cultura ágil deve permear todos os departamentos e não só equipes de tecnologia ou inovação;
- Ser alinhados com o planejamento estratégico, garantindo entregas embasadas e gerando os resultados esperados dado o investimento realizado na iniciativa;
- Devem trazer o retorno financeiro ou melhoria de performance esperados, evitando a síndrome de ser mais um termo ou programa de moda;
- Possuir indicadores-chave definidos, alinhados e reportados de forma a permitir uma gestão à vista do programa e o acompanhamento do desempenho financeiro dos incrementos gerados pelo programa;
- Ser formado por equipes multidisciplinares e com os integrantes com os perfis técnicos e e negócio balanceados para permitir o avanço dos produtos e recursos abordados no programa;
- Trazer pessoas que representem o negócio com a devida autoridade para a tomada de decisão necessária às diversas iniciativas;
- Incentivar o avanço por experimentação, onde o erro serve como aprendizado ou traga ideias para novas abordagens.
Considerando que apenas uma parte das empresas possuem suas dores claramente mapeadas, não se pode ignorar a necessidade de alinhamento ao negócio e os planejamentos plurianuais e mais considerar que a transformação é realizada por pessoas, com o apoio de tecnologia.
Na era da Inteligência Artificial, é a inteligência humana que fará a diferença entre empresas que evoluem e aquelas que ficam para trás.
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