O sétimo episódio da temporada Confraria Tech Leaders traz um bate-papo interessante conduzido pelo host Márcio Montagnani e pelo co-host Fernando Justino, cofundador da confraria. Desta vez, o debate conta com a participação de Cristiane Lunardi, head de tecnologia com ampla experiência em logística e conselheira do projeto ‘Elas no ESG’, e Helder Ferrão, com mais de 40 anos de atuação no setor de tecnologia.
O episódio entra nas complexidades de integrar práticas de ESG (Environmental, Social, Governance) em projetos de TI, explorando tópicos como transformação digital, sustentabilidade corporativa e a importância da diversidade e inclusão. Durante o bate-papo, os participantes compartilharam experiências práticas e reflexões que vão além da teoria, inspirando líderes a transformar desafios em oportunidades.
Data Centers Verdes
Cristiane Lunardi compartilhou um exemplo prático de sua experiência no setor de logística, onde a adoção de painéis solares em armazéns foi fundamental para otimizar o consumo energético. Segundo ela, esses projetos fornecem energia renovável para dispositivos IoT, iluminação e redes de Wi-Fi. Essa integração reduz drasticamente o impacto ambiental sem comprometer a funcionalidade tecnológica.
Além disso, os participantes citaram que data centers verdes não são apenas uma escolha ética, mas também financeira. Helder Ferrão destacou que muitos desses centros reaproveitam o calor gerado pelos servidores para usos diversos, como aquecimento de piscinas em eventos internacionais. Ele mencionou:
“Na Alemanha e no Canadá, data centers estão fornecendo calor para calefação de casas. Isso demonstra que ser sustentável não precisa necessariamente ser mais caro.”
A Importância da Nuvem e do Gerenciamento de Dados
Outro ponto de destaque foi o impacto da migração para a nuvem, que reduz a necessidade de grandes infraestruturas físicas. Cristiane alertou, no entanto, para o cuidado com o gerenciamento de dados:
“Tudo vai para a nuvem, mas a nuvem ocupa espaço. Precisamos de uma abordagem global para gerenciar dados de forma eficiente e evitar desperdícios.”
Essa conscientização levou a discussões sobre a implementação de práticas de 5S para dados, que incluem organizar, classificar e descartar informações obsoletas. Assim, além de reduzir o impacto ambiental, as empresas otimizam seus recursos tecnológicos.
Diversidade e Inclusão: ESG em TI
A diversidade é um tema transversal ao ESG, especialmente no setor de tecnologia. Cristiane Lunardi trouxe uma visão ampla sobre o assunto, enfatizando que a inclusão não deve se limitar a gênero, mas abarcar também etarismo, neurodivergência e outras formas de diversidade.
Etarismo e a Força das Equipes Intergeracionais
Cristiane compartilhou sua experiência liderando uma equipe que combina profissionais de diferentes gerações, desde jovens de 18 anos até veteranos com mais de 60. Segundo ela, essa diversidade traz desafios iniciais, mas resulta em soluções mais criativas e inovadoras a longo prazo:
“Quando você consegue promover a interação entre diferentes idades, o resultado é transformador. O mais velho traz experiência, enquanto o jovem traz novas perspectivas.”
Ela mencionou um caso específico em que uma pessoa jovem da equipe colaborou com um especialista sênior em segurança da informação, criando campanhas e soluções inovadoras. Esse tipo de sinergia demonstra como a diversidade pode ser uma alavanca para a inovação.
Inclusão de Pessoas Neurodivergentes
Outro ponto levantado foi a inclusão de pessoas neurodivergentes no mercado de trabalho, com destaque para o trabalho do hub ATIP, que conecta empresas a profissionais com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Cristiane destacou a importância de preparar tanto as empresas quanto os profissionais para essa integração, criando um ambiente inclusivo e produtivo.
Ela também falou sobre o Elas no ESG, um hub dedicado a capacitar mulheres para o mercado de trabalho em áreas historicamente dominadas por homens, como tecnologia e finanças. O projeto vai além de oferecer vagas, focando na independência financeira e na educação para que as mulheres possam assumir papéis de liderança.
A Transformação Digital Como Catalisadora do ESG
Os exemplos discutidos no podcast deixam claro que a transformação digital desempenha um papel fundamental na aceleração de práticas de ESG. Desde a redução de emissões de carbono até a otimização de processos, a tecnologia se tornou indispensável para empresas que buscam alinhar sustentabilidade e inovação.
Redução de Emissões no Setor Logístico
O setor de logística, onde Cristiane Lunardi atua, é um exemplo claro de como a transformação digital pode impactar práticas sustentáveis. Ela citou o projeto “Porto Sem Papel” como uma iniciativa que não apenas digitalizou processos, mas também eliminou o uso de papel em grande escala.
“Reduzimos a quantidade de papel impresso em processos logísticos. Isso não é apenas uma economia, mas uma forma prática de ESG aplicada ao dia a dia,” explicou Cristiane.
Além disso, sensores instalados em esteiras e equipamentos de transporte monitoram o consumo de energia e a emissão de carbono, promovendo maior eficiência operacional. Essa abordagem demonstra como a tecnologia pode ser usada para criar cadeias logísticas mais limpas e sustentáveis.
Automação e Eficiência Operacional
Outro exemplo de transformação digital vem do uso de inteligência artificial (IA) em processos operacionais. Helder destacou como a IA está sendo utilizada para prever falhas em equipamentos, reduzindo custos e evitando paradas inesperadas. “A inteligência artificial não é apenas uma ferramenta de análise, mas uma aliada estratégica para reduzir desperdícios e otimizar recursos,” afirmou.
Benefícios Comerciais do ESG em TI
Adotar práticas sustentáveis vai além da responsabilidade social; é também uma estratégia de negócios. Durante o episódio, Helder destacou que empresas que implementam práticas ESG têm maior facilidade em atrair investidores e justificar orçamentos:
“Hoje, sustentabilidade é continuidade de negócios. Não se trata de abraçar árvores, mas de garantir o futuro de muitas empresas.”
Ele mencionou que a União Europeia está estabelecendo regulamentos que exigem que provedores de serviços sejam sustentáveis até 2026. Essas políticas indicam uma tendência global em que empresas que ignoram ESG podem perder competitividade.
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