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segunda-feira, abril 21, 2025
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Cooperativas em telecom crescem no Brasil e desafiam modelo tradicional do setor

O setor de telecomunicações no Brasil passa por uma mudança silenciosa, mas significativa. Em meio à insatisfação dos consumidores com operadoras tradicionais — cujo Net Promoter Score (NPS) médio foi de apenas 21% em 2024, segundo a Opinion Box — começa a emergir uma alternativa baseada em modelos cooperativos.

Entre essas iniciativas está a Coopercompany, uma cooperativa brasileira de infraestrutura que, em menos de dois anos de operação independente, já contabiliza 10 mil cooperados e mais de 450 mil pessoas impactadas diretamente. A organização oferece acesso a serviços como telefonia móvel, internet banda larga, rastreamento veicular e tags de pedágio com valores até 50% inferiores aos praticados pelas grandes operadoras.

Apesar de ser um caso específico, a experiência da Coopercompany ajuda a iluminar uma tendência mais ampla: a adoção de modelos de intercooperação no setor de tecnologia e infraestrutura — algo ainda incipiente no Brasil, mas já consolidado em setores como crédito, agro e saúde.

Por que o cooperativismo pode fazer sentido em tecnologia?

O modelo cooperativo é, essencialmente, uma associação de pessoas ou organizações que se unem para atingir objetivos comuns, compartilhando riscos, resultados e decisões. Na prática, isso pode resultar em maior poder de negociação, serviços sob medida e foco no bem-estar do cooperado, e não no lucro do acionista.

No caso de cooperativas como a Coopercompany, os associados participam ativamente da estrutura de decisão, o que, segundo especialistas, tende a melhorar o alinhamento entre oferta e demanda, gerando produtos e serviços mais adequados à realidade do consumidor.

Além disso, esse modelo pode ser particularmente interessante para regiões menos assistidas ou perfis de usuários que não são priorizados pelas grandes operadoras — como microempresas, cooperativas agrícolas ou profissionais autônomos.

Atendimento e eficiência como ponto de ruptura

Um dos principais diferenciais percebidos por usuários da Coopercompany, segundo relatos internos, está no atendimento rápido e personalizado. Enquanto operadoras de grande porte enfrentam desafios com longos tempos de espera, a cooperativa afirma atender ligações em até 30 segundos e mensagens por WhatsApp em até três minutos.

Embora seja necessário tratar esses números com cautela — por falta de auditoria externa — o próprio índice de satisfação declarado (NPS de 94%) indica um alto grau de aprovação entre os cooperados, especialmente se comparado ao índice médio do setor.

Outro ponto relevante é a possibilidade de personalização de pacotes, algo que pode ser mais viável no ambiente cooperativo, onde o objetivo é atender necessidades específicas em vez de massificar ofertas.

Sustentabilidade e papel social: mais do que telecom

Para além da prestação de serviços, cooperativas desse tipo também se colocam como agentes de transformação social e ambiental. No caso da Coopercompany, por exemplo, os planos para 2025 incluem campanhas de educação digital, inclusão tecnológica e incentivo ao consumo consciente.

De acordo com o diretor-presidente da organização, Igor Sigiani, o foco é “automatizar processos sem perder a humanização, e gerar valor real para o cotidiano dos cooperados, em áreas como saúde, educação e mobilidade”.

Desafios de escala e profissionalização

Apesar dos avanços, iniciativas cooperativas em tecnologia ainda enfrentam obstáculos relevantes. A escala operacional, o acesso a infraestrutura robusta e a profissionalização da gestão são desafios que podem limitar a competitividade com grandes empresas do setor.

No entanto, o crescimento da Coopercompany sugere que há espaço para novos modelos, principalmente em nichos mal atendidos ou que demandem mais personalização. A sua trajetória também evidencia a importância de desvincular a imagem do cooperativismo da informalidade ou amadorismo, profissionalizando estruturas sem abrir mão dos princípios da colaboração.

O futuro do cooperativismo digital

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, destacando o papel desse modelo em promover desenvolvimento sustentável, inclusão e resiliência econômica. No Brasil, isso pode abrir novas oportunidades para setores como telecomunicações e tecnologia, tradicionalmente dominados por poucos grandes players.

O caso da Coopercompany — ainda que pontual — aponta para um movimento mais amplo: a reinvenção do acesso à infraestrutura digital através de modelos participativos, mais próximos da realidade de seus usuários.

Se a tendência vai se consolidar nos próximos anos ainda é incerto. Mas o surgimento de iniciativas como essa coloca em discussão o quanto o setor está preparado para alternativas mais colaborativas, transparentes e centradas no consumidor.

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