De acordo com a Corte, os primeiros levantamentos indicam que a falha foi provocada por um volume anormal e simultâneo de acessos, caracterizando uma sobrecarga repentina nos servidores que hospedam o domínio. Apesar do colapso no portal, o TJ-PR assegurou que nenhum sistema crítico foi comprometido e que a segurança dos dados permaneceu preservada.
O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) confirmou, em nota publicada no fim de semana, que enfrentou uma instabilidade severa e repentina em seu site institucional. O incidente, registrado na tarde de sexta-feira (12/09), fez com que o portal saísse do ar por horas, exigindo uma força-tarefa emergencial das equipes da Secretaria de Tecnologia e Informação (Seti) para restabelecer os serviços digitais.
Projudi manteve operação e serviços judiciais não foram afetados
O tribunal reforçou que o sistema de tramitação processual Projudi, um dos pilares da atividade jurisdicional eletrônica no estado, continuou funcionando normalmente durante o episódio. Dessa forma, não houve paralisação na prestação dos serviços judiciais nem prejuízo para advogados, servidores e magistrados que dependem do ambiente digital para conduzir processos.
Segundo a nota, “não foi registrada qualquer intercorrência ou falha na prestação dos serviços. A segurança dos dados foi mantida sem qualquer prejuízo”, diz o comunicado.
Suspeita de ataque DDoS paira sobre o episódio
Embora o TJ-PR não tenha confirmado oficialmente a natureza do incidente, os indícios relatados pela instituição, múltiplos acessos automáticos e simultâneos, levantam a possibilidade de que a instabilidade tenha sido provocada por um ataque de Negação de Serviço Distribuída (DDoS). Esse tipo de ofensiva visa indisponibilizar sistemas digitais por meio de um bombardeio maciço de requisições, saturando servidores até que deixem de responder.
Casos semelhantes têm se tornado frequentes no setor público brasileiro, com ataques coordenados mirando órgãos do Judiciário, Executivo e até instituições de ensino superior. A técnica exige pouca sofisticação técnica, mas alto grau de coordenação e infraestrutura, geralmente obtida em redes criminosas que alugam “botnets” para executar ofensivas de larga escala.
Contexto: aumento de ataques a instituições públicas brasileiras
A suspeita sobre um possível DDoS contra o TJ-PR se soma a uma série de incidentes registrados em 2025 contra estruturas críticas do Estado. No primeiro semestre, ataques atingiram o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), além das redes da GRU Airport, Marinha e Força Aérea. Também houve suspeitas de ofensivas semelhantes contra a Universidade de São Paulo (USP).
Em paralelo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enfrentou forte instabilidade em seus sistemas digitais, dificultando o acesso interno aos serviços. Embora a entidade tenha negado um ciberataque, a situação foi atribuída a excesso de tráfego externo, com características similares a um DDoS.
Operação Timeout mira grupo suspeito de ataques coordenados
A escalada de episódios levou a Polícia Federal a deflagrar, em junho, a Operação Timeout, para desarticular um grupo cibercriminoso autodenominado Azael, suspeito de estar por trás de várias dessas ações. Segundo a PF, os integrantes atuavam de forma coordenada em fóruns clandestinos da dark web e estariam por trás de ofensivas direcionadas a órgãos públicos de diferentes esferas e poderes.
Especialistas em cibersegurança apontam que a ofensiva contra o TJ-PR, caso confirmada como DDoS, reforça a urgência de investimentos em infraestrutura de mitigação de ataques de negação de serviço, como CDNs com capacidade de absorção de tráfego malicioso, além de monitoramento contínuo de tráfego em tempo real e políticas de contingência.

Próximos passos e impacto para a governança digital
A Seti do TJ-PR segue monitorando o tráfego da rede e realizando ajustes para garantir a estabilidade do portal institucional. Até o momento, não há previsão oficial para a normalização completa da plataforma.
Para especialistas, episódios como esse evidenciam os desafios crescentes da governança digital no setor público, especialmente diante da pressão por transformação digital segura e resiliente. A sobrecarga de acessos que derrubou o site do TJ-PR, mesmo sem comprometer dados ou serviços, atua como alerta de que resiliência cibernética deve ser tratada como prioridade estratégica no topo da agenda da liderança de TI do Judiciário.
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