De acordo com a Statista, a categoria de saúde e fitness na Google Play Store tinha cerca de 41,1 mil aplicativos em dezembro de 2022, enquanto a Apple App Store contava com cerca de 50,3 mil na mesma categoria. Já o relatório do IQVIA de 2020 indicou que havia mais de 318 mil aplicativos de saúde disponíveis globalmente e uma tendência de aumento diário.
De fato, vivemos uma proliferação de novas ferramentas que permitem um monitoramento contínuo, aumentando os cuidados pessoais e a gestão da saúde. A popularização dos smartphones e a crescente acessibilidade à internet vêm derrubando até barreiras etárias e questões sociais, tornando mais fácil obter a detecção precoce de problemas e até implementar medidas preventivas.
Ao rastrear diversos indicadores de saúde, como frequência cardíaca, níveis de atividade física, sono e alimentação, é possível obter um panorama atualizado das condições de saúde, possibilitando a detecção precoce de irregularidades e o gerenciamento proativo de doenças crônicas. Notificações em tempo real e gráficos ajudam os pacientes a entenderem melhor o funcionamento do organismo.
Um exemplo disso são os aplicativos de monitoramento em pacientes diabéticos. Ao informar os padrões de glicose, facilitam a tomada de decisão e resultam em um controle melhor dos níveis de açúcar no sangue e na redução de complicações associadas à doença. Já aplicativos de monitoramento de atividade física incentivam os usuários com metas diárias e recompensas virtuais.
Aplicativos: Acessibilidade e conveniência
Para monitorar certos parâmetros de saúde, visitas frequentes a médicos e laboratórios eram necessárias. Agora, com um celular, é possível, a qualquer hora e em qualquer lugar, obter dados preciosos. Isso é uma grande facilidade especialmente para os que vivem em áreas remotas ou que têm dificuldade de acesso a serviços de saúde. E ainda minimiza a sobrecarga de serviços e custos em pronto-atendimentos e laboratórios.
Essas facilidades também resultam em um maior engajamento. O domínio das informações de saúde faz com que os usuários adotem um papel mais ativo na gestão de sua saúde. O acesso a dados detalhados e personalizados permite alterar escolhas informadas sobre estilo de vida, dieta e exercícios, promovendo uma melhor adesão a planos de tratamento e um estilo de vida mais saudável.
Telemedicina
Regulamentada no Brasil desde o dia 28 de dezembro de 2022, com a sanção do Projeto de Lei 14.510/2022, a telemedicina no Brasil aplica tecnologias da informação e da comunicação na área de saúde, permitindo a assistência médica a distância, com a interação eficiente de médicos e pacientes, mesmo estando em locais distintos. Através dela, atestados, prescrições e até laudos dos exames são feitos de forma online e enviados diretamente para a farmácia escolhida pelo paciente.
Essa metodologia, que minimiza os erros e torna o processo de obtenção de medicamentos mais eficiente, também se aproveita da utilização de aplicativos, que se beneficiam da sua aceitação crescente para expandir seus serviços, incluindo consultas especializadas e cuidados de saúde mental.
Troca de dados
O grande número de informações geradas ainda leva a outro ponto importante: o compartilhamento de forma segura (onde o usuário decide quem terá acesso a este conteúdo). Isso permite a coordenação do cuidado, já que médicos e outros profissionais têm uma visão completa do histórico de saúde do paciente, melhorando a qualidade e a eficiência do atendimento. A realização de estudos populacionais e pesquisas epidemiológicas, que ajudam a entender pesquisas e definir diretrizes governamentais, também se torna mais fácil.
Desafios
Ao mesmo tempo em que o controle das informações ajuda a aumentar o grau de preocupação dos pacientes, também traz o risco da automedicação. A interpretação de dados sem o devido conhecimento médico pode levar a diagnósticos errôneos e à automedicação inadequada, com a negligência de condições graves ou, ao contrário, em preocupações desnecessárias e ansiedade.
É preciso deixar claro que os aplicativos de saúde são projetados para complementar, e não substituir, o aconselhamento médico profissional. A dependência de aplicativos pode levar à perda de habilidades essenciais de autogestão da saúde e ao declínio na busca de orientação médica especializada. Além disso, a falha técnica ou a imprecisão dos dados fornecidos pelos aplicativos pode ter consequências adversas.
O último ponto diz respeito à segurança. Os usuários precisam estar cientes sobre os limites dos aplicativos de saúde e a importância de consultar profissionais para diagnósticos e tratamentos. Todos os modelos tecnológicos trazem o desafio da segurança dos dados para as empresas desenvolvedoras. A coleta, o armazenamento e o uso desses dados devem ser mostrados de forma clara, bem como o critério para obter o consentimento explícito dos usuários. Ainda vivemos em um cenário onde a regulação engatinha para impor sanções rigorosas para violações.
Próximos passos
Tendência emergente, os aplicativos devem continuar ganhando força no futuro próximo. A aplicação da IA (Inteligência Artificial) e Machine Learning vão colaborar para melhorar a personalização, com a prevenção de crises de saúde e insights baseados no grande volume de dados.
A integração de wearables cada vez mais sofisticados e a exploração da Realidade Aumentada e Virtual (AR/VR) no treinamento médico e em terapias de reabilitação também indicam resultados promissores e uma utilização ainda maior e mais precisa destas ferramentas.
A medicina passa por um momento de transformação digital. Embora existam desafios a serem superados, os aplicativos têm potencial para revolucionar a gestão da saúde e promover o bem-estar das pessoas. À medida que a tecnologia continua a evoluir, é provável observar um impacto ainda maior na forma como cuidamos da nossa vitalidade e interagimos com o sistema de saúde.