O Brasil foi classificado como o segundo país mais caro do mundo para empresas multinacionais gerenciando suas entidades, segundo o relatório Mercator Entity Management 2024, da consultoria Mercator by Citco. O ranking, que avaliou 180 países, destacou a Indonésia como líder na lista de custos elevados, seguida pelo Brasil e pelos Emirados Árabes Unidos. Na outra ponta, Singapura, Reino Unido e Austrália figuram entre os países com sistemas mais eficientes e acessíveis para as multinacionais.
Custos Altos e Complexidade no Brasil
De acordo com o relatório, o Brasil apresenta um ambiente regulatório caro e altamente burocrático. A Mercator atribui os custos elevados no país a diversos fatores, como:
- Documentação extensa: As empresas precisam lidar com processos longos e detalhados, que muitas vezes exigem conhecimentos específicos de cada região.
- Sistema judicial fragmentado: As variações regionais no judiciário complicam a conformidade legal e atrasam processos.
- Recursos adicionais para compliance: A necessidade de contratação de especialistas locais aumenta significativamente o custo de operação.
Além disso, o relatório aponta que a América Latina, de maneira geral, enfrenta desafios semelhantes. A complexidade regulatória, combinada com instabilidade econômica e sofisticação jurídica, cria um ambiente de compliance imprevisível em mercados como Brasil, México e Argentina.
Cenário Global: Custos e Eficiência em Foco
Em 2024, em pesquisa realizada, os custos médios globais relacionados à gestão de entidades aumentaram 3% em comparação ao ano anterior. Já o tempo médio necessário para a realização dessas atividades cresceu 48%, evidenciando o impacto de sistemas regulatórios mais exigentes e das pressões econômicas globais.
A consultoria destaca que a adoção de tecnologias pós-pandemia ajudou a reduzir o trabalho manual, minimizar erros e simplificar o cumprimento em diversas jurisdições. Contudo, os custos dos serviços jurídicos subiram devido às exigências econômicas.
Líderes de Eficiência
Na contramão das jurisdições mais complexas, Singapura liderou o ranking global como o país mais eficiente para multinacionais gerenciando suas entidades. O relatório aponta o sistema regulatório bem estruturado da cidade-estado e sua infraestrutura digital como diferenciais.
- Reino Unido e Austrália: Completam o pódio, oferecendo sistemas eficientes e previsíveis.
- América do Norte: Lidera em eficiência de custos.
- Ásia-Pacífico: Aparece como uma região mais eficiente em termos de tempo.
Já na Europa, as regulamentações introduzidas no período pós-COVID proporcionaram estabilidade e simplificação, consolidando a região como um ambiente favorável para multinacionais.
América Latina e Outros Mercados em Desvantagem
O Oriente Médio, a África e a América Latina enfrentam desafios significativos para tornar seus mercados mais atrativos para multinacionais. Além dos altos custos, a complexidade regulatória e a falta de infraestrutura tecnológica em algumas regiões dificultam as operações.
A Mercator enfatiza que, apesar dos esforços para modernizar regulamentos e integrar tecnologias, os avanços têm sido desiguais. No caso do Brasil, por exemplo, as reformas econômicas e tributárias, embora debatidas há anos, ainda não resultaram em um ambiente mais simplificado para os negócios.
Reflexões do Setor
Em comunicado, Kariem Abdellatif, diretor da Mercator, comentou “Na economia global interconectada de hoje, o gerenciamento eficaz de entidades evoluiu para além do compliance. Ele agora é um pilar estratégico para multinacionais que buscam operar em mercados desafiadores.”
O relatório também destaca que eventos recentes, como mudanças políticas e econômicas em diversos países, desenvolvidos para um cenário global de conformidade mais dinâmico e menos previsível.
Conclusão
O Brasil, apesar de seu mercado atraente, continua sendo um desafio significativo para multinacionais devido aos altos custos e à complexidade regulatória. As empresas que desejam operar no país devem investir em planejamento detalhado e contar com suporte local especializado para mitigar os desafios.
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