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quinta-feira, maio 22, 2025
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Como empresas podem equilibrar Hype e Hope?

Toda nova tecnologia nasce cercada de promessas. Algumas cumprem e transformam mercados inteiros, outras desaparecem após alguns anos, deixando para trás apenas apresentações de PowerPoint e orçamentos comprometidos. O desafio, para quem toma decisões, não é apenas acompanhar tendências, mas identificar o que é moda passageira e o que realmente pode gerar valor.

Vivemos uma era em que o entusiasmo com o novo o hype disputa espaço com a esperança legítima de transformação o hope. Inteligência artificial generativa, blockchain, metaverso e computação quântica são alguns dos conceitos que circulam em reuniões de diretoria e eventos do setor como a próxima grande disrupção. Porém, quantas dessas tecnologias, de fato, já entregaram valor prático e sustentável para as empresas?

O problema não é o excesso de otimismo e não ter critérios claros para separar o que pode, ou não, ser aplicado com resultados concretos. Para navegar nesse cenário, os líderes precisam unir visão estratégica, método e, principalmente, disciplina para testar antes de escalar.

Três passos fundamentais para transformar promessas em progresso real

1. Definir KPIs realistas

Inovações disruptivas nem sempre geram retorno imediato e se não há um KPI tradicional disponível, é preciso encontrar outros indicadores de progresso. O sucesso inicial pode ser medido por aumento de eficiência em uma área-piloto, pela aderência de usuários em testes internos ou até pela redução de retrabalho em processos antes manuais.

Em um projeto com IA generativa, por exemplo, talvez o retorno financeiro só venha depois. Mas se a tecnologia está economizando horas de trabalho humano ou trazendo mais precisão a tarefas repetitivas, já há valor mensurável, ainda que indireto.

Estabelecer essas métricas alternativas é o que permite decisões mais inteligentes sobre continuidade ou escalabilidade. Não se trata de relativizar os resultados, mas de entender que a jornada da inovação tem fases, e cada fase exige um tipo diferente de termômetro.

2. Investir em testes controlados

A melhor forma de evitar o fracasso em larga escala é começar em pequena escala. Sandbox regulatório, projetos-piloto e provas de conceito exercem a função de validar hipóteses sem comprometer o orçamento e a reputação da empresa. Eles também ajudam a dimensionar o esforço necessário para a implementação e alinhar expectativas.

Além disso, os testes evitam decisões baseadas em hype. Ao invés de adotar uma tecnologia apenas por ser tendência, a empresa consegue avaliar, por meio de dados, se ela de fato resolve um problema interno, criando um ciclo de aprendizado contínuo e mais segurança na hora de escalar.

O ponto não é testar tudo, mas testar bem. Atualmente, ter um processo estruturado para validação rápida com critérios claros de sucesso e falha é um diferencial competitivo para qualquer organização que deseja inovar com responsabilidade.

3. Focar em aplicação prática

Tecnologia sem propósito é apenas custo. Por isso, a implementação de inovação deve resolver problemas da empresa. Geralmente, o hype empurra soluções em busca de problemas. 

O correto é, primeiramente, identificar as dores reais no negócio, como gargalos operacionais, baixa escalabilidade, falhas de compliance e ineficiências no atendimento ao cliente. Só após essa avaliação, deve-se buscar ferramentas tecnológicas que possam resolvê-las.

É um procedimento que exige foco, escuta ativa e proximidade com as áreas operacionais. Muitas vezes, a solução mais disruptiva não é a mais chamativa, e sim aquela que melhora 5% de um processo crítico todos os dias, de forma consistente.

Quando a tecnologia tem aplicação prática, seu uso deixa de ser uma aposta e se torna um investimento com retorno previsível.

Hype e Hope podem coexistir, desde que haja método

O entusiasmo com novas tecnologias é parte do motor da inovação, mas otimismo sem método é arriscado. Em um cenário cada vez mais volátil, onde o tempo entre a implementação e a obsolescência encurtou, é essencial criar estruturas para inovar com clareza e responsabilidade.

Empresas que aprendem a equilibrar hype e hope não deixam de arriscar, apenas fazem com inteligência. Elas definem métricas que façam sentido para cada estágio do processo, validam hipóteses com testes pequenos e mantêm os pés no chão quanto à aplicação prática. Elas entendem que o valor de uma tecnologia não está no que ela promete, mas no que ela entrega.

No fim das contas, o papel da liderança em tecnologia não é prever o futuro. É preparar a empresa para construir esse futuro com base em evidências, propósito e decisões bem fundamentadas.

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