Nos últimos anos, a fibra óptica tem sido a espinha dorsal da conectividade global, especialmente em data centers e redes de telecomunicações. No entanto, enquanto as tecnologias de fibra monomodo tradicional continuam a ser amplamente utilizadas, uma nova e revolucionária alternativa está ganhando atenção: a fibra de núcleo oco (HCF, na sigla em inglês). Este desenvolvimento promete melhorar substancialmente a velocidade de transmissão de dados e reduzir a latência das redes.
Embora a fibra de núcleo oco seja uma tecnologia que existe há mais de 20 anos, ela agora começa a se destacar devido às suas vantagens significativas sobre a fibra tradicional. Mas o que exatamente torna a HCF tão promissora para o futuro das redes ópticas?
A estrutura diferente da fibra de núcleo oco
A principal diferença entre a fibra monomodo tradicional e a fibra de núcleo oco está no próprio design do cabo. Em vez de ter um núcleo de vidro sólido, a HCF possui um núcleo oco no centro, através do qual a luz é transmitida. Esse design inovador permite uma transmissão de sinais com menor atenuação e menor perda de dados, já que o ar no núcleo oco não tem as impurezas e as imperfeições do vidro.
Essa estrutura de núcleo oco é composta por um canal central cheio de ar, cercado por anéis de tubos organizados de forma semelhante a um padrão de favo de mel. Este formato não só minimiza a dispersão cromática, como também permite maior capacidade de transmissão, essencial para suportar as crescentes demandas de dados de redes cada vez mais rápidas.
Vantagens da HCF: velocidade e latência
Uma das maiores vantagens da fibra de núcleo oco é a sua velocidade de transmissão de dados. Estudos indicam que a luz pode viajar 50% mais rápido através da HCF em comparação com a fibra tradicional de sílica. Isso ocorre porque, em vez de depender da reflexão interna do vidro, a HCF utiliza tubos que mantêm o campo elétrico restrito dentro do núcleo de ar, o que permite uma latência até 33% menor.
Essa redução na latência é fundamnetal para suportar as necessidades de inteligência artificial (IA), que exige transferências de dados rápidas e em tempo real. Além disso, a tecnologia HCF tem o potencial de aumentar a distância de transmissão, permitindo conexões mais longas entre data centers sem a necessidade de amplificadores. Com a fibra monomodo tradicional, a distância máxima entre data centers é de cerca de 60 quilômetros, mas com a HCF, essa distância pode chegar a até 90 quilômetros.
HCF no setor de data centers: potencial para expansão
Uma das aplicações mais promissoras da fibra de núcleo oco está no contexto dos data centers. A crescente demanda por infraestruturas de dados mais poderosas, alimentadas pela era da IA, coloca pressão sobre os operadores para expandirem suas redes. A Relativity Networks, uma das empresas na vanguarda da tecnologia HCF, observa que os data centers podem ser localizados em áreas com acesso mais limitado a fontes de energia, já que a HCF pode superar a limitação de distâncias e melhorar a eficiência energética.
O CEO da Relativity, Jason Eichenholz, explica que a HCF pode permitir a construção de data centers em novas localidades, sem as restrições de latência que afetam as redes tradicionais. Isso pode abrir novas possibilidades geográficas para implantações de data centers e até mesmo fornecer uma solução para a escassez de energia que ameaça o crescimento de muitos centros de dados no mundo.
Parcerias estratégicas e investimentos
O crescimento da fibra de núcleo oco também está sendo impulsionado por grandes parcerias e aquisições no setor. Um exemplo importante é a compra da startup Lumenisity Limited, especializada em HCF, pela Microsoft, em 2022. A aquisição visa otimizar a infraestrutura global de nuvem da gigante da tecnologia, permitindo uma transmissão de dados mais rápida e com menos latência, essencial para suportar as necessidades da plataforma Azure e seus clientes.
Além disso, empresas como a BT e a China Telecom estão investindo em HCF, com a promessa de melhorar a eficiência das redes e expandir a capacidade de transmissão de dados em suas redes globais. Para Colin Wallace, gerente de engenharia de rede em nuvem da Microsoft, a HCF tem o potencial de aumentar o alcance das redes, permitindo que data centers se expandam para distâncias até 120 quilômetros, ao invés dos tradicionais 80 quilômetros com fibra monomodo.
O futuro da fibra de núcleo oco: desafios e perspectivas
Embora a fibra de núcleo oco tenha um enorme potencial, ainda existem desafios significativos para sua adoção em larga escala. Um dos maiores obstáculos é o alto custo de produção. Devido à complexidade na fabricação de cabos com núcleo oco, a HCF ainda não está sendo produzida em volumes tão grandes quanto a fibra monomodo tradicional, o que resulta em preços elevados.
Além disso, especialistas indicam que a escalabilidade da tecnologia é outro fator a ser resolvido. Embora a HCF já tenha mostrado sua capacidade em experimentos e testes, a produção em massa e a redução de custos serão fundamentais para garantir sua adoção no mercado global.
A HCF é o futuro das redes ópticas?
A fibra de núcleo oco representa uma verdadeira revolução nas redes ópticas, prometendo uma combinação de velocidade, eficiência energética e menor latência que supera as limitações da fibra monomodo tradicional. Contudo, sua implementação em larga escala ainda está em seus estágios iniciais, e é necessário tempo para que a produção e a comercialização se ajustem à demanda global.
Enquanto a fibra de núcleo oco não deve substituir a fibra monomodo em aplicações como a conectividade residencial, ela se posiciona como uma solução inovadora para as infraestruturas de TI de próxima geração, especialmente em setores como inteligência artificial, comércio financeiro e data centers de grande escala.
À medida que a tecnologia amadurece, empresas como Microsoft e Relativity Networks estão ajudando a moldar um futuro onde a fibra de núcleo oco poderá se tornar uma ferramenta essencial para atender às crescentes exigências das redes globais de dados.
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