O Brasil registrou 1.119.316 tentativas de fraude digital evitadas em fevereiro de 2025, segundo dados divulgados pela Serasa Experian. O volume representa um aumento de 37,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior e marca o segundo mês consecutivo em que o país ultrapassa a marca de 1 milhão de tentativas. Os ataques estão cada vez mais sofisticados, com o uso de inteligência artificial (IA) para aplicar golpes altamente personalizados, atingindo principalmente pessoas em plena atividade econômica.
Crescimento expressivo nas tentativas de fraude digital
Os números revelam que a frequência de tentativas de fraude no país tem avançado rapidamente. A média é de uma tentativa a cada 2,2 segundos, demonstrando a intensidade dos ataques contra o ambiente digital brasileiro. De acordo com Caio Rocha, Diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian, a utilização de IA pelos criminosos digitais vem transformando as fraudes, tornando-as mais difíceis de serem detectadas pelas vítimas, especialmente por meio de estratégias de engenharia social altamente customizadas.
“Estamos observando uma evolução significativa nas estratégias dos criminosos digitais, que agora utilizam inteligência artificial para aplicar golpes com técnicas cada vez mais sofisticadas, especialmente por meio de engenharia social hiperpersonalizada, o que dificulta ainda mais a identificação das fraudes pelas vítimas”, ressaltou Rocha.
Modalidades de fraude e setores mais visados
Entre os métodos de ataque, as tentativas evitadas por meio de biometria facial e documentoscopia cresceram 78,1% em relação a fevereiro de 2024, representando 41,7% das tentativas no mês. Essa modalidade aparece logo atrás das fraudes detectadas por inconsistências cadastrais, que somaram 50,8% dos casos. A verificação de dispositivos móveis ou computadores foi responsável por 7,5% das tentativas.
No que se refere aos segmentos de mercado, o setor financeiro continua sendo o principal alvo dos fraudadores: bancos e cartões respondem por 54,3% das tentativas. Em seguida aparecem os setores de serviços (31,8%), financeiras (6,6%), telefonia (5,6%) e varejo (1,7%), mantendo a tendência observada no mês anterior.
Perfis econômicos em evidência: foco nas vítimas com maior poder de consumo
O perfil dos alvos das fraudes mostra que criminosos digitais estão mirando principalmente cidadãos em plena atividade econômica, com maior poder de consumo e presença digital. Em fevereiro, 59,5% das tentativas de fraude evitadas atingiram pessoas entre 26 e 50 anos. O grupo de até 25 anos representou 15,2%, enquanto as faixas de 51 a 60 anos e acima de 60 anos contabilizaram 13,4% e 11,9%, respectivamente.
“O recorte por faixa etária reforça que os criminosos digitais direcionam seus ataques às pessoas com plena atividade econômica, que concentram boa parte das transações online. Mas é importante lembrar que nenhuma faixa etária está imune: jovens, adultos e idosos precisam estar atentos e conscientes sobre como proteger seus dados e evitar cair em armadilhas cada vez mais elaboradas”, alertou Caio Rocha.
Panorama regional das fraudes digitais
Apesar de fevereiro registrar um leve recuo em relação a janeiro, mês com o maior número histórico de tentativas de fraude bloqueadas, todas as unidades federativas apresentaram crescimento em comparação com o mesmo período de 2024. A região Sudeste concentra o maior volume absoluto, com São Paulo liderando com 305.561 tentativas de fraude evitadas, seguido por Rio de Janeiro (105.102) e Minas Gerais (97.539). Juntos, esses três estados representam 47,2% do total nacional.
Por outro lado, os estados com maior crescimento percentual foram Amazonas (48,7%), Pará (48,3%) e Roraima (46%), todos localizados nas regiões Norte e Nordeste. Entre os estados com menor variação estão Paraná (33%), Distrito Federal (32,8%) e Santa Catarina (31,1%).
Desafios e perspectivas para o combate às fraudes digitais
Com a sofisticação crescente das fraudes, a aposta em tecnologias robustas de autenticação tem se mostrado essencial para a proteção de consumidores e empresas. A biometria, a validação documental e sistemas de verificação avançados figuram como as principais ferramentas para barrar ataques cada vez mais elaborados.
“Fraudes digitais seguem se intensificando com o uso de novas técnicas e tecnologias. Por isso, o investimento em soluções robustas, como biometria e validação de documentos, tem sido fundamental para proteger consumidores e empresas. A inovação constante nas camadas de segurança é a chave para manter as operações digitais seguras e eficientes”, conclui Caio Rocha.
Além das ferramentas tecnológicas, o papel das empresas em fortalecer uma cultura de segurança da informação é cada vez mais relevante. Executivos e líderes de TI são desafiados a promover treinamentos contínuos para colaboradores e a implementar processos que minimizem a exposição a riscos cibernéticos, especialmente em um cenário em que o home office e a digitalização acelerada ampliam a superfície de ataque.
O impacto da inteligência artificial no combate às fraudes
A inteligência artificial, enquanto arma utilizada pelos fraudadores para criar golpes cada vez mais sofisticados, também é uma aliada fundamental para as soluções de prevenção. Sistemas que usam machine learning e análise comportamental são capazes de identificar padrões atípicos em tempo real, barrando tentativas antes que causem prejuízo. No entanto, a rápida evolução da tecnologia exige que os setores público e privado mantenham uma atualização constante em suas ferramentas e processos de segurança.
A importância da colaboração entre setores para enfrentar o problema
O combate às fraudes digitais no Brasil também depende da colaboração entre diferentes setores da economia, órgãos reguladores e instituições financeiras. O compartilhamento de informações e inteligência entre players do mercado permite a criação de barreiras mais eficazes contra ataques e ajuda a mapear as ameaças emergentes, reduzindo o impacto para consumidores e empresas.
Considerações finais
Diante do cenário de crescimento acelerado das fraudes digitais, a alta liderança de TI e os executivos devem priorizar investimentos em inovação tecnológica, educação e parcerias estratégicas para fortalecer a resiliência das operações digitais. O desafio é permanente, mas essencial para garantir a confiança dos consumidores e a sustentabilidade dos negócios no ambiente cada vez mais conectado.
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