A ISO 27001 é o ‘padrão ouro’ às empresas que buscam o gerenciamento de segurança da informação. Desenvolvida pela International Organization for Standardization (ISO) e pela International Electrotechnical Commission (IEC), fornece uma estrutura abrangente e sistemática para estabelecer, implementar, operar, monitorar e analisar criticamente a segurança da informação em organizações de todos os tamanhos e setores.
No entanto, muitas empresas – dentro e fora do país – ainda não têm a ciência de que existe uma norma internacional voltada especificamente para implementação de um controle e um Sistema de Gestão da Segurança da Informação (SGSI).
Inclusive, instituições que já estão alinhadas com outras diretrizes de processos e qualidades (como as previstas na série ISO 9000) ou para a gestão ambiental (como as previstas na ISO 14001), acabam não se preocupando com a questão da segurança da informação, deixando de lado a ISO 27001 por falta de conhecimento da norma.
As grandes empresas precisam enxergar a segurança da informação como um ponto crítico e buscar ferramentas para adotar a norma. Para ser didático, podemos fazer um paralelo com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), ou seja, quem tem a CNH não precisa falar ou comprovar que sabe dirigir, estacionar, acelerar, frear e trocar marcha: basta mostrar o documento e todos terão a certeza disto. Quem apresenta o certificado da ISO 27001 tem a mesma confiança, já que estará amparado pelo controle de boas práticas aplicadas na instituição.
Mais do que isso, a implementação também ajuda a estabelecer uma cultura organizacional e uma governança corporativa focada na proteção de informações críticas. Assim, conquista crédito no mercado e passa uma boa imagem aos fiéis e aos potenciais clientes.
Histórico
Desde 1990, se nota a necessidade de buscar melhores práticas e controles visando apoiar o comércio e os governos na implementação e aprimoramento da segurança da informação. Naquele ano, o Departamento de Comércio e Indústria do Reino Unido formou um grupo de trabalho com o intuito de elaborar um “Código de Prática”, publicando o BS (British Standard) 7799. Atualmente, esses controles ainda são reconhecíveis na ISO 27001.
Cinco anos depois, foi elaborada a “Especificação de Segurança da Informação”, chamada de BS 7799-2 (fazendo com que a BS 7799 se tornasse a BS 7799-1). Com base nesses conceitos, a ISO 27001 foi criada em 2005. Desde então, passou por duas revisões para incluir novos dados.
A primeira, em 2013, abordou novas funções na área de TI. Em 2022, uma nova edição foi feita, o que resultou na publicação da terceira edição da ISO 27001 em outubro de 2022. A principal alteração foi a reformulação da classificação dos controles, reduzindo em 21 o número total (passando de 114 a 93) e os categorizando em nove diferentes classificações.
Esta reformulação foi necessária para atualizar a norma frente aos avanços e as novas tendências tecnológicas, passando a incluir controles específicos para os temas big data, computação em nuvem, inteligência artificial, aprendizado de máquina e a crescente demanda de terceirização de serviços no âmbito da TI.
As normas ISO 27003, ISO 27004, ISO 27005, e várias diretrizes de orientação interpretativa específicas para setores, completam esta primeira. Todas normas ISO passam por revisão a cada cinco anos, com a finalidade de acompanhar os desenvolvimentos em diversas indústrias.
O que é a ISO 27001?
É um conjunto de requisitos normativos ao estabelecimento, implementação, operação, monitoramento e revisão de um SGSI. Ela define quais padrões são utilizados para garantir a confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações. Seu escopo abrange a proteção de ativos de informação, incluindo dados físicos e digitais, além de processos e políticas relacionadas.
Este conjunto de requisitos previstos na ISO 27001 dizem respeito à seleção de controles de segurança adaptados às necessidades de cada organização, com base nas melhores práticas da indústria, sendo um processo reconhecido no mundo todo, definido e estruturado para gerenciar a segurança da informação.
A norma, consequentemente, é internacional e também se aplica a todos os tipos de organizações, independentemente de seu tamanho ou setor de atuação (por exemplo, empresas comerciais, agências governamentais, organizações sem fins lucrativos, etc).

Quais as vantagens?
A implementação da norma ISO 27001 é de extrema importância às organizações, especialmente falando em um ambiente digital cada vez mais complexo e em um mundo cada vez mais conectado.
Com este certificado, elas comprovam o comprometimento com a segurança através de estrutura reconhecida. Seu escopo é flexível e permite, caso a empresa queira, que ela seja aplicada apenas a um departamento ou área específica – e não à toda entidade.
Ao evidenciar o fortalecimento de suas defesas contra ameaças cibernéticas, as instituições aumentam a confiança de seus clientes, parceiros de negócios e de outras partes interessadas preocupadas com a segurança.
A ISO 27001 ainda enfatiza a abordagem baseada em riscos. Ao identificar e avaliar os riscos de segurança da informação, uma organização pode tomar medidas proativas para mitigar ameaças potenciais. Com as instituições preparadas para lidar com incidentes de segurança da informação, a chance de incidentes de segurança e os possíveis impactos causados por ele caem.
Como as organizações revisam e aprimoram regularmente seus processos de segurança da informação, pensando em estar sempre à frente das ameaças, a adoção da ISO 27001 ainda favorece a melhoria contínua.
A estrutura PDCA (sigla inglesa para Plan Do Check Act, que significa: planejar, fazer, checar e agir) incentiva a identificação de áreas de aprimoramento e de ajustes às práticas de segurança, conforme necessário.
O que precisa para implementar?
As empresas que desejam implementar a ISO 27001 precisam considerar algumas etapas antes de iniciar o projeto. O primeiro passo é definir e estabelecer o SGSI, pois ele será o alvo de estudo e da aplicação das diretrizes.
Ele deve levar em conta o escopo da organização e seu contexto, como a implementação de políticas de segurança e a gestão de riscos a fim de obter aprovação da alta direção para a implementação da norma.
Em seguida, deve ser feita a seleção e implementação dos controles de segurança aplicáveis à organização, bem como implementar um plano de comunicação dentro do escopo do SGSI, desenvolver competências e conscientizar os colaboradores.
O sistema deve ser monitorado e revisado com regularidade, passando inclusive por auditorias internas. Seus registros e as evidências de aplicação também devem ser medidos a fim de verificar indicadores e análises quanto à sua execução devem ser extraídas.
A partir de então, o SGSI deve ser continuamente mantido e melhorado, considerando a estrutura PDCA que a norma sugere, garantindo assim a melhoria contínua dos controles aplicados ao contexto da organização. Não conformidades devem ser identificadas, documentadas e tratadas.