Tecnologia nos ônibus evolui, mas falhas de cibersegurança expõem riscos crescentes a sistemas críticos, passageiros e infraestruturas urbanas.
À medida que os ônibus se tornam mais inteligentes e conectados, uma nova e preocupante realidade se impõe: os sistemas de transporte coletivo estão cada vez mais vulneráveis a ameaças cibernéticas sofisticadas. Embora recursos como sensores inteligentes, comunicação veículo-para-tudo (V2X) e redes embarcadas tragam eficiência e segurança operacional, eles também abrem portas para riscos inéditos — e muitas vezes subestimados — à integridade da infraestrutura urbana e à segurança dos passageiros.
Dispositivos antigos ainda presentes em muitas frotas, somados a lacunas regulatórias, redes públicas Wi-Fi frágeis e a complexidade crescente da cadeia de suprimentos digital, criam um terreno fértil para ataques cibernéticos que vão de espionagem à manipulação de sistemas críticos, como freios, navegação e telemetria.
Sistemas embarcados: modernização parcial gera brechas críticas
Enquanto as tecnologias avançadas de assistência ao condutor (ADAS) e os protocolos DSRC ampliam a inteligência veicular, diversos componentes essenciais ainda operam com infraestrutura defasada. Unidades de controle do veículo (VCU), módulos de telemática e gateways de IoT muitas vezes permanecem sem proteção adequada, ignorados pelas camadas tradicionais de segurança.
Essa negligência cria zonas desprotegidas que podem ser exploradas por agentes maliciosos para infiltrar comandos, espionar dados ou mesmo causar falhas operacionais graves. Em um cenário onde um simples firmware manipulado pode paralisar uma linha inteira de ônibus, a cibersegurança precisa ser prioridade — e não exceção.
Wi-Fi público: conveniência ou armadilha digital?
O fornecimento de Wi-Fi gratuito aos passageiros é um diferencial valorizado por muitas operadoras de transporte. Porém, sem criptografia robusta e monitoramento ativo, essas redes se tornam alvos fáceis para ataques do tipo man-in-the-middle, injeção de malware e interceptação de dados pessoais. Em um ônibus conectado, isso pode significar a porta de entrada para comprometimento total dos sistemas embarcados.
Ataques reais ilustram o perigo
Casos recentes reforçam a urgência do tema:
Honolulu (EUA), junho de 2024 – Um ataque cibernético ao Oahu Transit Services afetou os sistemas do TheBus e Handi-Van, inutilizando leitores de GPS e cartões de pagamento (Holo Card), gerando prejuízos operacionais e financeiros.
Virginia (EUA), fevereiro de 2024 – A empresa GRTC foi alvo de ransomware, o que interrompeu temporariamente aplicativos e parte de sua rede. O incidente evidenciou falhas sistêmicas na defesa cibernética do setor.
IoT embarcado: vetor invisível de ataque
Gateways de IoT, usados para conectar subsistemas como bilhetagem, telemetria e rastreamento por GPS, podem ser um escudo — ou uma vulnerabilidade crítica. Quando mal configurados ou desatualizados, esses dispositivos se tornam portas abertas para invasores acessarem o barramento CAN do veículo, um canal interno que conecta todos os módulos de controle.
Pesquisas demonstraram que criminosos podem, a partir desses pontos, assumir controle direto sobre funções como direção, frenagem ou transmissão, colocando vidas em risco. A manipulação de sensores de tráfego e adulteração de dados de GPS são outros exemplos de ataques em potencial, com impactos que podem afetar desde o planejamento urbano até a integridade física dos usuários.
Falhas na cadeia de suprimentos ampliam riscos ocultos
Outro vetor crescente de ameaça é a cadeia de suprimentos digital. Cibercriminosos têm como alvo fornecedores de software embarcado, injetando backdoors e malwares ocultos em atualizações legítimas. Quando não detectados, esses códigos maliciosos podem permanecer latentes por meses, até serem acionados para causar roubo de dados ou paralisar sistemas críticos.
A falta de padrões globais unificados para a segurança cibernética em transportes públicos agrava o cenário, dificultando a criação de uma barreira eficiente contra ataques orquestrados e de larga escala.
Boas práticas e tecnologias de defesa: a urgência da resiliência cibernética
A proteção de ônibus inteligentes passa por uma abordagem holística e contínua, que envolva desde a arquitetura de rede até a operação diária do veículo. Isso inclui:
- Segmentação de rede: separando sistemas críticos dos não críticos
- Acesso por menor privilégio: limitando permissões ao estritamente necessário
- Zero Trust: não confiar em nenhum ativo até que ele seja verificado
- Monitoramento em tempo real: detecção ativa de anomalias e tentativas de invasão
Soluções como o Check Point Quantum IoT Embedded têm se destacado por oferecer camadas de defesa nativas contra injeções de comando no sistema operacional, sobregravação de arquivos e execução de códigos maliciosos, garantindo a integridade do sistema ao longo de todo o ciclo de vida do veículo.
Segurança como motor da mobilidade do futuro
A transformação digital do transporte público é um caminho sem volta — mas que exige responsabilidade. À medida que os ônibus se tornam plataformas móveis de dados, conectados à nuvem, a sensores urbanos e a sistemas inteligentes, também se tornam alvos cada vez mais atrativos para agentes maliciosos.
Executivos e líderes de tecnologia precisam enxergar a cibersegurança como um elemento estratégico da mobilidade urbana. Sem essa mentalidade, não há cidade inteligente — apenas uma cidade vulnerável.
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