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quarta-feira, agosto 27, 2025
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Aplicativos de monitoramento redefinem cuidados com a saúde

De acordo com a Statista, a categoria de saúde e fitness na Google Play Store tinha cerca de 41,1 mil aplicativos em dezembro de 2022, enquanto a Apple App Store contava com cerca de 50,3 mil na mesma categoria. Já o relatório do IQVIA de 2020 indicou que havia mais de 318 mil aplicativos de saúde disponíveis globalmente e uma tendência de aumento diário. 

De fato, vivemos uma proliferação de novas ferramentas que permitem um monitoramento contínuo, aumentando os cuidados pessoais e a gestão da saúde. A popularização dos smartphones e a crescente acessibilidade à internet vêm derrubando até barreiras etárias e questões sociais, tornando mais fácil obter a detecção precoce de problemas e até implementar medidas preventivas. 

Ao rastrear diversos indicadores de saúde, como frequência cardíaca, níveis de atividade física, sono e alimentação, é possível obter um panorama atualizado das condições de saúde, possibilitando a detecção precoce de irregularidades e o gerenciamento proativo de doenças crônicas. Notificações em tempo real e gráficos ajudam os pacientes a entenderem melhor o funcionamento do organismo. 

Um exemplo disso são os aplicativos de monitoramento em pacientes diabéticos. Ao informar os padrões de glicose, facilitam a tomada de decisão e resultam em um controle melhor dos níveis de açúcar no sangue e na redução de complicações associadas à doença. Já aplicativos de monitoramento de atividade física incentivam os usuários com metas diárias e recompensas virtuais. 

Aplicativos: Acessibilidade e conveniência 

Para monitorar certos parâmetros de saúde, visitas frequentes a médicos e laboratórios eram necessárias. Agora, com um celular, é possível, a qualquer hora e em qualquer lugar, obter dados preciosos. Isso é uma grande facilidade especialmente para os que vivem em áreas remotas ou que têm dificuldade de acesso a serviços de saúde. E ainda minimiza a sobrecarga de serviços e custos em pronto-atendimentos e laboratórios. 

Essas facilidades também resultam em um maior engajamento. O domínio das informações de saúde faz com que os usuários adotem um papel mais ativo na gestão de sua saúde. O acesso a dados detalhados e personalizados permite alterar escolhas informadas sobre estilo de vida, dieta e exercícios, promovendo uma melhor adesão a planos de tratamento e um estilo de vida mais saudável. 

Telemedicina 

Regulamentada no Brasil desde o dia 28 de dezembro de 2022, com a sanção do Projeto de Lei 14.510/2022, a telemedicina no Brasil aplica tecnologias da informação e da comunicação na área de saúde, permitindo a assistência médica a distância, com a interação eficiente de médicos e pacientes, mesmo estando em locais distintos. Através dela, atestados, prescrições e até laudos dos exames são feitos de forma online e enviados diretamente para a farmácia escolhida pelo paciente.  

Essa metodologia, que minimiza os erros e torna o processo de obtenção de medicamentos mais eficiente, também se aproveita da utilização de aplicativos, que se beneficiam da sua aceitação crescente para expandir seus serviços, incluindo consultas especializadas e cuidados de saúde mental. 

Troca de dados 

O grande número de informações geradas ainda leva a outro ponto importante: o compartilhamento de forma segura (onde o usuário decide quem terá acesso a este conteúdo). Isso permite a coordenação do cuidado, já que médicos e outros profissionais têm uma visão completa do histórico de saúde do paciente, melhorando a qualidade e a eficiência do atendimento. A realização de estudos populacionais e pesquisas epidemiológicas, que ajudam a entender pesquisas e definir diretrizes governamentais, também se torna mais fácil. 

Desafios 

Ao mesmo tempo em que o controle das informações ajuda a aumentar o grau de preocupação dos pacientes, também traz o risco da automedicação. A interpretação de dados sem o devido conhecimento médico pode levar a diagnósticos errôneos e à automedicação inadequada, com a negligência de condições graves ou, ao contrário, em preocupações desnecessárias e ansiedade. 

É preciso deixar claro que os aplicativos de saúde são projetados para complementar, e não substituir, o aconselhamento médico profissional. A dependência de aplicativos pode levar à perda de habilidades essenciais de autogestão da saúde e ao declínio na busca de orientação médica especializada. Além disso, a falha técnica ou a imprecisão dos dados fornecidos pelos aplicativos pode ter consequências adversas. 

O último ponto diz respeito à segurança. Os usuários precisam estar cientes sobre os limites dos aplicativos de saúde e a importância de consultar profissionais para diagnósticos e tratamentos. Todos os modelos tecnológicos trazem o desafio da segurança dos dados para as empresas desenvolvedoras. A coleta, o armazenamento e o uso desses dados devem ser mostrados de forma clara, bem como o critério para obter o consentimento explícito dos usuários. Ainda vivemos em um cenário onde a regulação engatinha para impor sanções rigorosas para violações. 

Próximos passos 

Tendência emergente, os aplicativos devem continuar ganhando força no futuro próximo. A aplicação da IA (Inteligência Artificial) e Machine Learning vão colaborar para melhorar a personalização, com a prevenção de crises de saúde e insights baseados no grande volume de dados. 

A integração de wearables cada vez mais sofisticados e a exploração da Realidade Aumentada e Virtual (AR/VR) no treinamento médico e em terapias de reabilitação também indicam resultados promissores e uma utilização ainda maior e mais precisa destas ferramentas. 

A medicina passa por um momento de transformação digital. Embora existam desafios a serem superados, os aplicativos têm potencial para revolucionar a gestão da saúde e promover o bem-estar das pessoas. À medida que a tecnologia continua a evoluir, é provável observar um impacto ainda maior na forma como cuidamos da nossa vitalidade e interagimos com o sistema de saúde.

Valter Lima
Valter Lima
CEO da CTC, uma das 150 maiores empresas de tecnologia do Brasil, com mais de 30 anos de experiência nas áreas de tecnologia, gestão e inovação. Formado em Administração de Empresas, é pós-graduado pela Fundação Dom Cabral e participou do Business Executive Program da Universidade de Stanford. Atuou em grandes instituições como Citibank e Itaú-Unibanco, construindo uma sólida trajetória em liderança estratégica. Também é membro da Anjos do Brasil, entidade que apoia startups em fase de crescimento e fomenta o ecossistema empreendedor. Além de liderar a CTC, é maratonista e entusiasta de mountain bike.
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