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segunda-feira, julho 7, 2025
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Barueri, Itapevi e Santana de Parnaíba entram na corrida para se tornarem o novo Vale do Silício brasileiro

A região oeste da Grande São Paulo vem se transformando em um atrativo eixo para data centers, multinacionais e hubs de inovação. Com uma infraestrutura robusta, segurança e incentivos fiscais, Barueri, Itapevi e Santana de Parnaíba já despontam como uma alternativa real à capital paulista — mas ainda enfrentam desafios estruturais e de formação profissional para alcançar a maturidade de polos como Campinas, Recife e Florianópolis.

Crescimento acelerado atrai big techs e investimentos bilionários

O triângulo formado por Barueri, Itapevi e Santana de Parnaíba, localizado a poucos quilômetros da capital paulista, está deixando para trás a imagem de território exclusivamente corporativo de Alphaville. A região vive um momento de transformação econômica e já figura no radar de grandes players do setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC).

Multinacionais como HP Inc., TCS (Tata Consultancy Services), GFT Technologies e Engemon IT estão expandindo suas operações na região, motivadas por uma combinação estratégica de vantagens: incentivos fiscais, acesso logístico facilitado, alta disponibilidade energética e segurança pública acima da média. Esses fatores colocam o eixo como uma das regiões mais promissoras para a consolidação de um novo polo tecnológico nacional.

Segundo o Centro de Liderança Pública (CLP), Barueri está entre as cinco cidades mais competitivas do Brasil e é líder em empregos formais fora da capital. Alphaville e Tamboré, bairros que concentram grande parte da infraestrutura tecnológica da cidade, já abrigam uma constelação de data centers e centros de serviços compartilhados.

Entre os destaques, está o investimento de R$ 6,2 bilhões da Scala data Cemters em um campus de alta capacidade. A B3, responsável pela bolsa de valores brasileira, mantém seu centro de dados mais estratégico em Santana de Parnaíba. O apelo da região como um hub digital não é apenas promissor — ele já está em pleno curso.

Educação e formação técnica: o calcanhar de Aquiles da inovação

Apesar do avanço em infraestrutura e investimentos, a consolidação definitiva da região como polo tecnológico esbarra em dois gargalos estruturais: mobilidade urbana e escassez de profissionais qualificados.

A Brasscom estima que o Brasil enfrentará um déficit de mais de 500 mil profissionais de TIC até 2025, e esse cenário já afeta diretamente Barueri, Itapevi e Santana de Parnaíba. Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs) locais têm se articulado com o setor privado para formar novos talentos, com destaque para o modelo de Articulação Médio Superior (AMS), que integra o ensino médio à formação técnica e superior sem necessidade de vestibular.

É uma ponte real entre o ensino público e o mercado de trabalho”, afirma Luciana Madureira, diretora da Etec Bartolomeu Bueno da Silva – Anhanguera.

Além disso, a região abriga iniciativas como o projeto Fábrica de Programadores, que pretende capacitar mais de 5 mil jovens em linguagens de programação em apenas três anos. Em Itapevi, o Distrito Itaqui se destaca como um polo de formação e inovação com impacto social. “Estamos formando jovens para atender as empresas que integram nossa comunidade tecnológica”, diz Fabiana Falcone, líder do projeto.

Ecossistema em construção: o que falta para competir com os grandes polos?

Embora atraente para empresas consolidadas, o ecossistema do Grande Alphaville ainda carece da densidade de startups, centros de pesquisa e laboratórios de inovação observados em polos já estabelecidos como Campinas (com a Unicamp e CPQD), Recife (Porto Digital) e Florianópolis (ACATE).

Hoje temos mais empresas maduras do que iniciativas de P&D”, analisa Fernanda Rodrigues, CHRO da GFT Technologies. Segundo ela, a lacuna está sendo preenchida com incubadoras e parcerias, como o Parque Tecnológico Itahyê e o programa Inova Parnaíba, criado pela prefeitura local com foco em incubação de startups e sustentabilidade.

A HP Inc., por exemplo, investiu no HP LIFE Center em Barueri, que oferece cursos gratuitos em gestão e habilidades digitais. Já a TCS aposta em parcerias globais com líderes como AWS, Google e Oracle para elevar o nível de qualificação de seus colaboradores na região.

Mobilidade urbana e inclusão: desafios para um crescimento sustentável

Outro entrave que dificulta a atração e retenção de talentos é a mobilidade urbana. A dependência de transportes rodoviários e a ausência de uma malha ferroviária eficiente limitam o deslocamento diário de milhares de profissionais. Ao mesmo tempo, a inclusão de jovens da periferia e a diversidade racial e de gênero nos postos técnicos ainda são desafios a serem vencidos.

A transformação mais importante é fazer com que o jovem da periferia se veja como parte do futuro da tecnologia”, afirma Fabiana Falcone.

As empresas vêm atuando junto a ONGs e escolas públicas para desenvolver ações afirmativas, ampliar o recrutamento local e reduzir o absenteísmo. “Trazer talentos da própria região melhora o desempenho das equipes e fortalece o ecossistema”, diz Fábio Camara, da Engemon IT.

O futuro é agora — ou ainda em construção?

Com projetos ambiciosos e iniciativas públicas e privadas convergindo, Barueri, Itapevi e Santana de Parnaíba têm o potencial de se tornarem protagonistas no cenário nacional de tecnologia. No entanto, a consolidação como polo de inovação exige continuidade nos investimentos em educação, transporte e inclusão social.

A disputa está em aberto. Mas, ao que tudo indica, o eixo tecnológico da Grande São Paulo está prestes a deixar de ser uma promessa — para se tornar realidade.

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