As empresas estão entrando em uma nova fase da transformação digital, marcada pela adoção acelerada da inteligência artificial agêntica, ferramentas capazes de agir de forma autônoma, decidir e executar tarefas sem depender de comandos humanos. Mais do que simples recursos tecnológicos, essas soluções estão se tornando “novos colegas de trabalho digitais”, e sua chegada está forçando os CIOs a assumirem um papel inédito: o de gestores de pessoas, mesmo que virtuais.
“Não dá mais para tratar a IA agêntica apenas como software. É preciso incorporá-la como se fosse um novo membro da equipe, com processos claros de integração, treinamento e avaliação de desempenho”, afirma Claudio Bannwart, country manager da Netskope Brasil. Segundo ele, essa mudança de paradigma é fundamental para evitar riscos de segurança, reputação e eficiência operacional.
Muito além da IA generativa: agentes que decidem
Diferente da IA generativa, que responde a comandos pré-estabelecidos, a IA agêntica é projetada para identificar demandas, planejar e executar ações de forma independente. Hoje, sua aplicação ainda se concentra em tarefas repetitivas e de baixa complexidade, mas sua evolução tende a colocá-la no centro de processos críticos de negócios.
Para Bannwart, essa autonomia muda a lógica da governança de tecnologia. “Estamos falando de sistemas que não apenas executam, mas tomam decisões. E decisões exigem supervisão”, destaca. Sem essa supervisão estruturada, alerta o executivo, o potencial benefício dessas ferramentas pode rapidamente se converter em fonte de erros, viéses e riscos regulatórios.
CIOs como gestores de talentos digitais
Essa nova realidade exige que os líderes de tecnologia atuem de forma semelhante aos diretores de recursos humanos, estabelecendo políticas de onboarding para agentes digitais: definição de responsabilidades, níveis de acesso, métricas de desempenho e ciclos de feedback contínuos.
“Quando um colaborador humano entra na empresa, ele recebe treinamentos, entende suas funções e passa por avaliações. Com a IA agêntica, não pode ser diferente”, reforça Bannwart. Ignorar esse processo, diz ele, cria terreno fértil para decisões equivocadas, acessos indevidos a dados sensíveis e falhas de compliance.
Métricas claras e progressão gradual
A gestão eficaz desses “colaboradores digitais” passa por definir KPIs objetivos, como velocidade de execução, acurácia, impacto em custos e qualidade dos resultados. É necessário também monitorar continuamente o comportamento da IA, já que ela aprende e se adapta com o tempo, podendo até desenvolver comportamentos não previstos pelos desenvolvedores.
A recomendação é que as empresas adotem uma trajetória de crescimento gradual: começar com tarefas simples, supervisionadas de perto, e ampliar suas atribuições conforme o desempenho comprovar confiabilidade. Paralelamente, é possível “contratar” diferentes modelos de IA para funções específicas, de acordo com suas competências técnicas.
Segurança e governança no centro da estratégia
A integração profunda da IA agêntica aos sistemas corporativos traz novos desafios de segurança. O principal risco, segundo Bannwart, não é o vazamento de dados, mas o excesso de acesso concedido sem controle. Ele cita o relatório da Netskope “VPNs sob ataque: por que você precisa de acesso Zero Trust em 2025”, que mostra que 32% dos incidentes de segurança decorrem de permissões excessivas e nunca revisadas.
Nesse contexto, o executivo defende a adoção do princípio do menor privilégio e políticas baseadas em Zero Trust. “Essa é uma oportunidade para rever estruturas legadas e construir uma governança adequada à era da IA autônoma”, afirma.
O futuro do CIO será híbrido
À medida que os agentes digitais se tornarem parte natural das equipes, o papel do CIO também se transformará. Ele deixará de ser apenas o guardião da infraestrutura e passará a liderar times híbridos formados por humanos e inteligências artificiais.
“O CIO do futuro será tanto um estrategista de tecnologia quanto um gestor de talentos, humanos e digitais”, conclui Bannwart. Para ele, só assim será possível liberar todo o potencial da IA agêntica, promovendo uma inovação sustentável, segura e alinhada às metas de negócio.

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