O Mind The Sec é um dos eventos mais aguardados na área de segurança da informação, reunindo especialistas, profissionais e entusiastas para discutir as mais recentes tendências, desafios e soluções do setor. José Almeida Filho, DPO na Seguros Unimed, Rodrigo Jorge, CISO na The Human Layer Project e Maximiliano Cantis, General Manager Latam, abordaram sobre a importância de conscientizar colaboradores na proteção dos dados contra vazamentos acidentais. Trouxemos um conteúdo baseado na palestra, oferecendo uma visão aprofundada sobre o tema discutido.
Nos dias de hoje, onde a transformação digital acelera em um ritmo exponencial, as empresas enfrentam um desafio crescente: como proteger dados sensíveis em um ambiente onde falhas humanas continuam sendo uma das principais causas de vazamentos acidentais. Embora a tecnologia seja uma aliada poderosa na segurança da informação, ela não é suficiente. Conscientizar os colaboradores sobre suas responsabilidades na proteção dos dados. Este artigo explora a importância de educar as equipes para evitar vazamentos não intencionais e como isso pode salvar as organizações de perdas financeiras e danos à reputação.
A falha humana como risco à segurança dos dados
Apesar dos investimentos em soluções tecnológicas avançadas, como sistemas de prevenção de perda de dados (DLP) e firewalls de última geração, a falha humana ainda lidera como uma das principais causas de vazamentos de dados. Um estudo recente da IBM revelou que cerca de 95% dos incidentes de cibersegurança envolvem erro humano. Isso significa que, sem uma cultura sólida de conscientização e treinamento, mesmo as melhores ferramentas não conseguem prevenir acidentes.
O envio de informações sensíveis para a pessoa errada, o compartilhamento inadequado de documentos e a falta de atenção ao lidar com dados confidenciais são erros comuns que podem resultar em vazamentos. Essas ações, muitas vezes realizadas sem malícia, podem gerar danos incalculáveis às empresas, como multas por não conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e perda de vantagem competitiva.
A importância da conscientização contínua
Para mitigar esses riscos, a conscientização precisa ser um processo contínuo, começando no onboarding dos colaboradores e estendendo-se ao longo de toda a sua trajetória na empresa. Programas de treinamento regulares devem abordar não apenas as políticas de segurança da empresa, mas também as melhores práticas para o uso de sistemas e o manuseio de dados sensíveis.
Empresas como a Unimed Seguros já adotaram um modelo de conscientização eficaz, incorporando a segurança dos dados em todos os níveis. José Almeida, DPO da Unimed Seguros, explica: “A conscientização começa desde o momento em que o colaborador entra na empresa, passando pelo termo de responsabilidade e o uso adequado dos sistemas. Fazemos questão de lembrar que a proteção de dados é responsabilidade de todos.”
Essa prática faz com que os colaboradores não vejam a segurança de dados como algo exclusivo da área de TI, mas como parte integrante de seu próprio trabalho.
A cultura do “erro inocente” e suas consequências
Um dos principais desafios na conscientização é combater a ideia de que erros acidentais são inofensivos. Um simples equívoco, como enviar um e-mail confidencial para o destinatário errado ou compartilhar um arquivo por meio de uma plataforma não aprovada, pode ter consequências graves. Maximiliano Cantis, General Manager, afirma que entender as consequências é o primeiro passo para a mudança de comportamento: “As pessoas precisam entender o impacto de suas ações. Um CFO que envia o balanço financeiro pelo WhatsApp está, essencialmente, revelando a vantagem competitiva da empresa.”
A educação para evitar esse tipo de comportamento é importante. O treinamento precisa destacar que, embora um colaborador não tenha a intenção de causar dano, a falta de atenção aos detalhes pode expor dados críticos da empresa e comprometer sua segurança.
Tecnologia como aliada na conscientização
A tecnologia pode ser uma aliada na conscientização ao fornecer ferramentas que auxiliam no controle e monitoramento das ações dos colaboradores. Ferramentas de monitoramento de comportamento, como as soluções da Safetyka, ajudam a identificar comportamentos de risco antes que eles se tornem problemas.
Além disso, sistemas de prevenção podem atuar como uma “barreira psicológica” para o colaborador, alertando-o de que está prestes a cometer um erro. Rodrigo Jorge, especialista em segurança da informação e consultor da Claves, aponta que “a tecnologia não deve apenas bloquear ações arriscadas, mas educar o colaborador. Quando um alerta é disparado, é uma oportunidade de aprendizado e conscientização.”
A gamificação no processo de conscientização
Uma estratégia inovadora que tem ganhado espaço no campo da segurança da informação é a gamificação. Essa técnica utiliza princípios de jogos, como premiação e recompensas, para incentivar o aprendizado e a adoção de comportamentos seguros. Ao transformar a conscientização em uma experiência interativa e recompensadora, as empresas conseguem engajar mais os colaboradores e reduzir a ocorrência de erros.
Rodrigo complementa: “A gamificação permite que os colaboradores sintam que fazem parte de um processo maior. Eles não são apenas passivos no aprendizado, mas ativamente participam de sua própria formação em segurança.” Essa abordagem também ajuda a criar um ambiente de colaboração, onde todos trabalham em prol de um objetivo comum: proteger os dados da empresa.
O papel das simulações e testes de phishing
Outra ferramenta eficaz no processo de conscientização é a simulação de ataques, como os testes de phishing, essa prática permite que os colaboradores identifiquem comportamentos inadequados sem causar danos reais. Quando uma simulação é bem-sucedida, o colaborador recebe feedback imediato sobre sua falha, o que ajuda a reforçar as boas práticas.
Como explica Rodrigo Jorge: “Simulações de phishing, quando realizadas regularmente, ajudam a criar um ambiente de alerta contínuo. O colaborador aprende a identificar riscos e a reagir de maneira correta, diminuindo as chances de erros futuros.”
Conscientizar os colaboradores sobre a proteção dos dados contra vazamentos acidentais não é uma tarefa fácil. Exige esforços constantes de treinamento, tecnologia de apoio e, acima de tudo, um engajamento real por parte da liderança da empresa. Ao implementar uma cultura de segurança onde todos são responsáveis, as empresas não só protegem seus dados, mas também fortalecem sua resiliência em um mundo cada vez mais digital.
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