Se o ano de 2023 foi marcado pelo crescimento exponencial dos ataques cibernéticos, 2024 promete ser ainda mais desafiador quando se trata de proteção de dados pessoais e operações corporativas.
Segundo a consultoria IDC, espera-se um crescimento de 12% nos ataques cibernéticos no mercado de tecnologia da informação (TI) neste ano. As ameaças previstas para o período englobam desde vulnerabilidades em redes de internet das coisas (IoT) até a exploração em massa de Ransomware as a Service (RaaS).
À medida que a transformação digital continua a avançar, as organizações estão se tornando cada vez mais conscientes dos benefícios que as tecnologias modernas oferecem.
No entanto, juntamente com a maior adoção da tecnologia vem um risco mais acentuado de ataques cibernéticos.
Há, portanto, uma necessidade maior de medidas mais avançadas para se proteger contra ameaças em constante evolução. Diante desse cenário, uma solução potencial é o uso da inteligência artificial (IA).
Ao mesmo tempo em que a IA está transformando profundamente diversas áreas, incluindo a cibersegurança, e se tornando uma ferramenta estratégica indispensável para a proteção de dados e defesa de sistemas contra essas ameaças, a tecnologia vem sendo utilizada para desenvolver novos métodos de ataque.
Nesse “lado sombrio da força”, a IA permite a exploração de algoritmos avançados para realizar ataques personalizados e vem sendo aplicada na automação de invasões a redes e dispositivos por meio de ransomware e engenharia social.
Os criminosos cibernéticos estão utilizando a IA, inclusive, para aprimorar seus ataques. A tecnologia pode ser usada para criar esquemas de phishing mais sofisticados, automatizar a descoberta de vulnerabilidades e desenvolver malware que pode se adaptar para evitar a detecção.
A IA também contribui para criar vídeos deepfake e gravações de áudio altamente realistas que podem integrar ataques de engenharia social para enganar pessoas e levá-las a divulgar informações sensíveis ou executar ações não autorizadas.
Já entre os impactos positivos podemos ressaltar a detecção avançada de ameaças, segundo a qual a IA está apta a analisar grandes volumes de dados em alta velocidade, identificando padrões e anomalias que venham a indicar uma ameaça cibernética. Algoritmos de aprendizado de máquina, por sua vez, podem detectar ameaças desconhecidas anteriormente ao reconhecer comportamentos incomuns.
Mais do que isso, a IA pode prever possíveis brechas de segurança analisando dados históricos e identificando padrões que precedem ataques. Essa abordagem proativa tende a ajudar as organizações a reforçar suas defesas antes que um ataque ocorra.
Sistemas de IA podem detectar atividades fraudulentas com cartões de crédito, roubo de identidade e outros tipos de crimes financeiros ao analisar padrões de transações em tempo real, o que é especialmente benéfico para instituições financeiras.
De acordo com uma pesquisa do Gartner sobre as 8 tendências de cibersegurança para 2024, a adoção da inteligência artificial generativa (GenAI) vai eliminar a lacuna de habilidades em cibersegurança e reduzir incidentes causados por funcionários.
Analistas da empresa de consultoria prevêem que dois terços das 100 maiores empresas globais ampliarão o seguro disponível para diretores, incluindo os líderes de segurança cibernética, devido aos riscos legais pessoais. O Gartner estima que o combate à desinformação custará às empresas mais de US$500 bilhões – o equivalente a cerca de R$2,5 trilhões.
A verdade é que a IA pode impactar a cibersegurança ao longo de todo o seu ciclo de vida, proporcionando benefícios como automação, inteligência de ameaças e defesa cibernética aprimorada. Por outro lado, traz grandes desafios como ataques adversariais e a necessidade de dados de alta qualidade que podem levar à ineficiência da IA.
Embora a IA melhore significativamente as capacidades de cibersegurança, essa tecnologia é capaz de introduzir novos riscos que precisam ser cuidadosamente monitorados e mitigados para garantir uma segurança digital eficaz.
Nesse sentido, as organizações precisam adotar uma abordagem equilibrada, otimizando as forças da IA enquanto permanecem vigilantes quanto aos novos tipos de ameaças que ela pode introduzir.
Em meio a esse duelo entre as forças do bem e do mal, monitoramento contínuo, atualização de modelos de inteligência artificial e garantia de uma supervisão humana são essenciais para integrar efetivamente a IA nas estratégias de cibersegurança.