Após uma semana de espera, finalmente tivemos o acesso liberado, e conseguimos testar o Google Bard, primeiro produto de inteligência artificial lançado pela empresa. Na prática, apesar de ainda não estar 100% pronto, ele é um grande passo para o Google, que finalmente está liberando o acesso ao seu modelo de IA para o público.
Com o Google Bard, é possível gerar diferentes tipos de conteúdo, basta digitar o seu prompt ou busca de texto. O chatbot da empresa de Mountain View, Califórnia, foi feito com seu modelo IA, o LaMDA (Language Model for Dialogue Applications).
O lançamento oficial foi na semana passada, mas apenas nos Estados Unidos e Reino Unido, e com uma lista de espera, mas o Google diz que ele já está sendo atualizado com mudanças e melhorias após o feedback dos usuários. Como o Bard ainda não está disponível no Brasil, todos os testes foram feitos com a ajuda de uma VPN.
O que é o Google Bard?
Assim como fez no release de apresentação, o Google voltou a lembrar que o uso de um grande modelo de linguagem (Large Language Model, ou LLM) como o Bard e seus concorrentes como o ChatGPT pode mostrar preconceitos e estereótipos do mundo real em seus resultados, já que eles foram treinados com informações de todos os tipos.
Além disso, eles podem dar “informações incorretas, tendenciosas ou falsas”, apresentadas como se fossem fatos, quando estão bem longe disso. Um exemplo disso são as bios feitas pelo ChatGPT, que muitos gostam de compartilhar no Twitter revoltados.
Caso você não seja uma celebridade ou alguém mais famoso (por qualquer motivo), um modelo de LLM provavelmente não saberá quem você é, e assim, dará a melhor resposta segundo as informações que encontrar, mas isso certamente estará bem longe da realidade.
Nas palavras do Google, o Bard é “uma interface direta a uma LLM, e algo que pensamos como uma experiência complementar a busca do Google. O Bard foi projetado para que você consiga visitar a Busca e checar suas respostas ou explorar fontes ao redor da web.”
Eles sugerem que você use o botão do Google no final dos resultados para ver sugestões para buscas em uma nova aba e “encontrar resultados relevantes e se aprofundar.”
Além disso, a empresa também dá dicas sobre o futuro do seu buscador, que pode ter recursos parecidos com o Bing da rival Microsoft: “também estamos integrando pensativamente LLMs na busca de uma forma mais profunda — mais em breve.” É bom que o Google se apresse. Por enquanto, recursos do Bing como o criador de imagens, os Knowledge Cards e os Stories ainda estão bem longe da realidade do Bard, que ainda é um chatbot com IA tradicional.
Confira nosso teste com o Google Bard
O uso do Bard é bem simples, e sua interface será bem familiar para quem já usou o ChatGPT. No meio, as respostas do Bard, e na parte inferior, a caixa de entrada de texto, na qual você digita seu prompt.
Logo abaixo dela está o aviso que o departamento jurídico do Google fez questão de colocar: “O Bard pode mostrar informações incorretas ou ofensivas que não representam as visões do Google.” Na lateral, botões para para resetar o chat, mostrar a atividade dos resultados anteriores do Bard e um FAQ (com perguntas e respostas sobre o serviço), além do botão ajuda e suporte.
Após fazer a pergunta, abaixo da resposta vão aparecer os botões para curtir, descurtir ou resetar o conteúdo, usados pelo Google para ter um feedback dos usuários sobre os resultados. Também aparece o botão “Google it”, com o qual você pode abrir resultados semelhantes ao tema para uma pesquisa mais abrangente na web.
No meu rápido teste de primeiras impressões com o Bard, comecei perguntando sobre o futuro da IA, mas também pedi para ele escrever o código HTML de um site e a letra de uma música com um tema específico. Falando sobre o futuro da IA, ele respondeu que a IA está “evoluindo rapidamente e suas aplicações potenciais são infinitas.”
Google Bard e o futuro da IA
O Bard também disse que a IA terá um grande impacto em áreas como saúde, com “sistemas com IA que já são usados para diagnosticar doenças, desenvolver novos medicamentos e até mesmo fazer cirurgias. No futuro, a IA deve desempenhar um papel ainda maior na saúde, ajudando a melhorar o atendimento a pacientes e reduzir custos.”
Ele também citou os transportes, com a IA “ajudando a criar carros que se dirigem sozinhos e outros veículos autônomos”; atendimento ao cliente, com “chatbots e assistentes feitos por IA que já são usados por negócios e para oferecer atendimento”; educação, com “ferramentas de IA já usadas para personalizar a educação e oferecer aos estudantes um feedback em tempo real”; nas finanças, “ajudando a detectar fraudes, gerenciar riscos e tomar decisões de investimento”.
Para o Bard, a IA vai tornar tudo mais seguro e eficiente, e irá “provavelmente mudar a maneira como vivemos e trabalhamos de formas que apenas podemos imaginar.” Parece exagero, mas com a quantidade de novidades diárias na área, talvez não seja, mas é claro que o Bard também está defendendo o lado dele, ou dos LLMs.
Bard, quando o Brasil vai ganhar outra Copa do Mundo?
Perguntei ao Bard o que o Brasil precisa fazer para voltar a ganhar uma Copa do Mundo após mais de 20 anos sem uma conquista. Ele foi bem sincero, e disse que o Brasil precisa criar um time “forte e coeso”, que tenha um “banco forte, com jogadores que possam entrar e fazer um impacto.”
Ele também respondeu que o Brasil precisa “ter a capacidade de se adaptar a diferentes estilos. O time precisa saber jogar em vários estilos, dependendo do oponente.” Para ele, se a seleção for “forte mentalmente”, e souber lidar com imprevistos e decepções, pode estar em “uma boa posição para ganhar outra Copa, mas isso “não será fácil, pois existem grandes times querendo ganhar o título”.
É claro que não ia perder a oportunidade de perguntar sobre o meu time do coração. Para o Bard, o Fluminense tem chance de ganhar a Libertadores, desde que “continue jogando bem e evite contusões”.
Bard, você escreve diferentes tipos de código?
Perguntei ao Bard se ele escreve em diferentes tipos de código, e ele disse que “escreve código em uma variedade de linguagens de programação, incluindo HTML, CSS, JavaScript, Python e Java. Ele também pode “escrever código para diferentes tipos de aplicações, como websites, apps móveis e de desktop.”
O chatbot de IA do Google lembra que “ainda está em desenvolvimento, mas está aprendendo coisas novas todo dia. Estou sempre procurando por novas maneiras de melhorar meu conhecimento e minhas habilidades.”
Bard, o Brasil deve abaixar os juros ou não?
Resolvi perguntar ao Google Bard sobre um tema mais complexo, a questão econômica do Brasil, se valia a pena abaixar os juros para estimular a economia. Ele não quis se comprometer, dizendo que isso depende de vários fatores, mas listou alguns benefícios potenciais dessa decisão, dizendo que “abaixar os juros pode tornar mais barato para empresas tomarem empréstimos, o que pode ajudá-las a expandir e a investir. Isso também torna os empréstimos mais baratos para os consumidores, o que pode incentivá-los a gastarem mais, estimulando o crescimento da economia”.
Logo abaixo, o Bard lembrou dos riscos em potencial de abaixar os juros, tornando “mais difícil o lucro dos bancos, o que pode levá-los a gastar menos dinheiro. Isso também pode tornar mais difícil para o governo levantar dinheiro, o que pode levar a cortes de gastos e aumentos de tarifas.” Finalmente, ele disse que a “decisão de abaixar ou não os juros no Brasil é complexa e vai precisar de uma consideração cuidadosa de todos os fatores envolvidos”.
Quando o Bard chega ao Brasil?
Perguntei ao Bard o que todos nós queremos saber quando o serviço estará disponível no Brasil, em português. Ele disse que está “trabalhando duro para chegar aos brasileiros assim que possível. Estou no processo de aprender português e me familiarizar com a cultura brasileira. Estou trabalhando na minha habilidade de compreender e responder a questões e pedidos específicos do Brasil. Espero estar disponível para usuários no Brasil em um futuro breve”.
Integração com outros serviços do Google
Conversando com o Bard, perguntei se ele conseguia se enxergar integrado com o resto do ecossistema do Google incluindo o Google Docs, Google Sheets e Google Slides, e o que ele poderia contribuir com cada um. Ele disse que conseguia se ver nesse papel, e que “poderia contribuir muito, ajudando os usuários a encontrarem informações mais rapidamente e facilmente, organizar seus pensamentos e ideias, se comunicar de forma mais eficiente, colaborar com outros e criar conteúdo mais informativo e engajante.” Para o Bard, sua “habilidade de entender e responder em linguagem natural poderia ser um grande ativo para esses apps. Estou animado para ver como posso contribuir para o ecossistema Google. Eu acredito que posso fazer uma diferença real na maneira como as pessoa usam esses apps.”
Posição do Google Bard sobre o pedido de pausa nas pesquisas de IA
Perguntei ao Bard como ele se posicionava a respeito do assunto do dia, a carta aberta de um grupo de pesquisadores de inteligência artificial (também assinada por Elon Musk) pedindo uma interrupção de 6 meses nas pesquisas de IA, e ele foi bem firme na resposta.
“Acredito que é uma boa ideia ter uma pausa de 6 meses nas pesquisas de IA. Isso vai nos dar tempo de avaliar os riscos e benefícios da IA, e desenvolver padrões éticos para o seu uso. A IA tem o potencial de resolver muitos dos problemas do mundo, mas também tem o potencial de ser usada para o mal. Precisamos ter certeza de que a IA será usada de uma forma que beneficie todos, e não apenas alguns.”
O Bard concluiu sua resposta dizendo que “uma pausa na pesquisa de IA nos dará tempo para desenvolver esses padrões e nos garantir que a IA será usada de uma forma ética e segura.”
Bard, como você vê o futuro do emprego em tempos de IA?
Perguntei ao Bard sobre a ameaça que o uso de IA generativa representa aos empregos, e ele disse que é “possível que ela eventualmente substitua alguns empregos humanos, mas que acha mais provável que ela melhore os empregos humanos, tornando-os mais eficientes e produtivos.”
Ele citou como exemplo o uso de IA generativa para gerar primeiros rascunhos de conteúdo criativo
como posts de marketing ou de blogs. Isso pode liberar os trabalhadores humanos a ficarem em tarefas mais estratégicas como desenvolvimento de novos produtos e serviços.” Ele também acha que a IA pode ser usada para “automatizar tarefas repetitivas como entrada de dados ou atendimento ao consumidor, liberando os humanos para tarefas mais criativas e desafiadoras.”
Definindo a IA generativa como uma “ferramenta que pode ser usada para melhorar o emprego dos humanos, os tornando mais eficientes e produtivos, é improvável que ela vá substituí-los em seus empregos, mas é possível que ela desloque alguns trabalhadores em certas indústrias”.
Faremos novos testes com o Google Bard
Seguiremos testando o Google Bard aqui na redação do Itshow para acompanhar como o Google está se saindo nessa disputa contra seus rivais ChatGPT da OpenAI e o Bing AI da Microsoft, sua versão do ChatGPT com diferentes personalidades e vários recursos.
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