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A evolução da Black Hat USA e os desafios da cibersegurança na era da Inteligência Artificial

Desde a sua criação em 1997, a conferência Black Hat USA tem desempenhado um papel fundamental na formação e no avanço do cenário de segurança cibernética. Ao longo dos anos, a Black Hat se transformou em um evento icônico que reúne os melhores especialistas em segurança, pesquisadores e profissionais de todo o mundo para explorar as últimas tendências e desafios no campo da cibersegurança.

A primeira edição da Black Hat USA foi realizada por Jeff Moss, também conhecido como “Dark Tangent”. Além do evento, ele também criou a DefCon – outra grande conferência de Segurança que acontece em conjunto com a Black Hat, em Las Vegas. 

Black Hat USA 2023
Crédito: Help Net Security

A Black Hat tinha como objetivo proporcionar um espaço onde hackers e especialistas em segurança pudessem se reunir para discutir e compartilhar ideias sobre as mais recentes vulnerabilidades, ameaças e técnicas de exploração. A atmosfera era informal e de colaboração, onde a troca de informações era incentivada para melhorar a segurança global.

Com o passar dos anos, a Black Hat USA evoluiu de uma reunião de entusiastas da segurança para uma conferência de renome internacional. O evento atraiu uma variedade de participantes, incluindo pesquisadores, profissionais de segurança, representantes do governo e da indústria, acadêmicos e jornalistas. 

A ênfase na pesquisa, educação e compartilhamento de informações continuou, mas a Black Hat também se tornou uma plataforma para lançamentos de produtos de segurança e oportunidades de networking.

Black Hat USA 2023
Crédito: Help Net Security

Pesquisadores de segurança apresentaram descobertas que abalaram a indústria de tecnologia, demonstrando a gravidade das vulnerabilidades existentes e a importância de melhorias na segurança. Essas divulgações responsáveis têm impulsionado fabricantes de software e serviços a abordar questões críticas de segurança e aprimorar seus produtos.

A conferência Black Hat USA também reflete a evolução constante das ameaças cibernéticas e da segurança. À medida que a tecnologia avança, novos desafios emergem e a necessidade de abordagens inovadoras para a segurança cresce. A conferência não apenas aborda as ameaças atuais, mas também explora o futuro da segurança cibernética, incluindo tópicos como Inteligência Artificial (IA), IoT (Internet das Coisas), 5G e muito mais.

Neste ano, o evento se destacou por alguns pontos, entre eles a grande participação de mulheres, principalmente nas conferências. Dos três painéis de keynotes, dois contaram com a participação de mulheres: Maria Markstedter, escritora, pesquisadora e fundadora do Azera Labs, falando sobre Inteligência Artificial; e Kemba Walden, diretora de cibersegurança da Casa Branca. 

Black Hat USA 2023
Crédito: Help Net Security

Outro ponto alto foi ter a Inteligência Artificial com tema presente em mais de 15 sessões, demonstrando a grande importância do assunto para a cibersegurança.

Diante disso, faz-se algumas reflexões: não temos certeza de até onde toda essa evolução vai chegar e a que custo, mas sabemos que essa é a nova Revolução Industrial – talvez a versão 6.0 – e que mudará mais uma vez a forma que trabalhamos e interagimos com as pessoas e ferramentas no cotidiano. De acordo com a história, quem se adaptar melhor às mudanças sobreviverá; caso contrário, está destinado a ficar para trás. 

E a pergunta que sempre se repete: os profissionais de segurança serão substituídos por IA? A resposta é: “Não”. Porém, profissionais com skills voltados para IA terão melhores oportunidades ao tornar seu trabalho mais eficiente, usando a própria tecnologia, não necessariamente automatizando todo o trabalho, mas criando ferramentas que analisem situações específicas em vários pontos do ambiente e tomem as decisões. 

Esses “robôs” poderiam estar em vários pontos da rede monitorando eventos suspeitos e agindo de forma proativa, evitando, assim, um grande ataque, por exemplo. Isso não é algo necessariamente novo, mas a tecnologia está muito mais madura e confiável agora.

Black Hat USA 2023
Crédito: Help Net Security

Outro ponto importante que tem causado polêmica é sobre a regulamentação da IA. Aqui no Brasil, o mercado vem mudando a percepção a favor de que isso aconteça. O que no início parecia uma “censura”, agora é visto como um limitador de até onde devemos ir com a tecnologia. 

A IA pode fazer praticamente tudo, mas questões éticas e legais precisam ser consideradas. Nem tudo o que é possível é permitido. Da mesma forma que treinamos para usar as redes sociais, o cuidado com informações pessoais e dados confidenciais devem ser encabeçados com boas práticas e, se necessário, limitações para o uso das ferramentas de IA. É fundamental elevar a discussão e criar uma política clara para todos.

Enquanto a cibersegurança permanece como um dos pilares essenciais da era digital, a conferência Black Hat USA continua a desempenhar um papel fundamental na promoção da inovação, da educação e da colaboração necessárias para enfrentar os desafios cada vez mais complexos e sofisticados que a segurança cibernética apresenta.

Fernando Malta
Fernando Malta
Mais de 15 anos de carreira em TI prestando serviços de consultoria em grandes empresas de diversos segmentos como Bancário, Telecom, TV a cabo, provedores de Internet, e-commerce, saúde e outros.
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