A transformação digital trouxe uma infinidade de oportunidades e desafios para as empresas em todo o mundo. No âmbito financeiro, a necessidade de otimizar os processos e maximizar o retorno sobre o investimento tornou-se uma prioridade. É nesse contexto que surge a cultura do FinOps, que combina práticas de gerenciamento financeiro e de tecnologia para diminuir os custos sem prejudicar a qualidade dos serviços. Neste artigo, exploraremos os princípios e as boas práticas do FinOps e como essa abordagem inovadora pode ajudar a sua empresa a lucrar cada vez mais.
Quando o sistema não está mais dando conta da demanda que a empresa precisa, está na hora de escalar. Porém, é preciso tomar cuidado: a implementação imprópria da escalabilidade pode levar a problemas significativos. Por exemplo, ao estabelecer que a CPU aumente em 30% a capacidade, assim que atingir 80%, pode provocar um crescimento excessivo em resposta a picos de demanda.
Esta é uma estratégia simplista de escalabilidade que pode levar a problemas se não for gerenciada corretamente. Em vez disso, é importante considerar os tempos e as maneiras corretas de implementar a escalabilidade. “O sistema precisa ser resiliente e escalável, mas é preciso cautela com a escalabilidade. A capacidade de escalar tanto quanto necessário e conforme o sistema exige envolve cuidados”. (Sergio Gama, CTO na GFT Group)
Para garantir que a escalabilidade seja implementada corretamente, o monitoramento adequado é fundamental. O monitoramento nos permite entender o funcionamento e o comportamento de um sistema em profundidade, seja escalando horizontalmente (adicionando mais máquinas a um sistema) ou verticalmente (adicionando mais poder a uma máquina).
Portanto, é essencial ter uma visão completa do sistema. “Precisamos prestar muita atenção, pois pode haver um problema de arquitetura que escala de forma inadequada. Para garantir essa escalabilidade, é preciso monitorar adequadamente, caso contrário, ela não será efetiva”, continua Gama. Isso se torna particularmente relevante durante eventos de alto tráfego, como a Black Friday, por exemplo. É nessa hora que o FinOps se faz necessário.
O que é FinOps?
O panorama da tecnologia está em constante evolução, tornando-se cada vez mais importante entender e gerir de forma eficaz os complexos sistemas tecnológicos de hoje. A escalabilidade e a resiliência são duas características críticas que qualquer sistema deve possuir e são necessárias para que ele possa lidar com o aumento da demanda e se recuperar rapidamente em caso de interrupções. Para garantir que essa escalabilidade aconteça da forma correta, temos o FinOps.
Criado pela FinOps Foundation, o FinOps é uma combinação de finanças e operações, que torna possível monitorar com mais atenção o crescimento, a evolução e os recursos utilizados para escalar um sistema. Seu objetivo é otimizar os custos da empresa sem perder o seu poder operacional, aumentando os lucros no processo.
FinOps x Cloud Expense Management: qual a diferença?
Tanto o FinOps, quanto o Cloud Expense Management envolvem abordagens de gerenciamento financeiro na nuvem, como otimização de custos, relatórios e análises de despesas e orçamentos. Porém, o FinOps é um modelo estruturado para redução de custos e geração de lucro, ou seja, ele adiciona outra camada ao gerenciamento de despesas, fornecendo uma abordagem mais otimizada, composta pelos seis princípios do FinOps e as suas três fases interativas.
Além disso, o FinOps se concentra em mudanças culturais corporativas para alinhar as principais partes interessadas, melhorando a colaboração entre os departamentos de engenharia, finanças e operações em um esforço para alinhar os gastos na nuvem com as metas de negócios.
Um dos aspectos mais importantes do FinOps é que, além de economizar dinheiro, ele se concentra em entender e otimizar o valor que os serviços da nuvem oferecem aos negócios. Ao desenvolver uma estrutura de FinOps, você consegue tomar decisões com base em dados que proporcionam o maior retorno possível do investimento, ao invés de apenas cortar custos.
Princípios de FinOps
Para implantar o FinOps com sucesso na sua empresa, seis princípios devem ser observados:
- Os times devem colaborar;
- O valor agregado ao negócio motiva as decisões;
- Todos são responsáveis por seu consumo na nuvem;
- Os relatórios do FinOps devem ser acessíveis e atualizados;
- Um time centralizado gerencia o FinOps;
- O modelo de custo variável da nuvem deve ser aproveitado.
As 3 fases de otimização do FinOps
Informar
Quando uma equipe de TI entende que os recursos utilizados na nuvem são implementados e disponibilizados por meio de uma visibilidade aprimorada, isso permite que ela aloque as despesas de acordo com as unidades de negócios que usam a nuvem e cobrem o retorno adequadamente.
Otimizar
Nesta segunda fase, o objetivo é identificar oportunidades de economia. Em que áreas a sua empresa pode otimizar os recursos, economizar e buscar descontos?
Operar
A última fase consiste em uma avaliação contínua do desempenho das oportunidades identificadas na fase de otimização e o ajuste daquilo que não funcionou tão bem quanto esperado. A automação vai avaliar continuamente os recursos de cloud para ter certeza que os custos estão no mínimo possível sem afetar o desempenho, pois o objetivo é alcançar uma economia segura sem comprometer as funções da empresa.
Conselhos de um CTO para uma boa governança de FinOps
Apesar da cultura FinOps começar na direção executiva, ela se estende a todos os colaboradores da empresa, pois se baseia na responsabilidade coletiva com os gastos feitos na nuvem. Para que a implementação da prática de FinOps seja bem-sucedida, treine seus funcionários para que consigam identificar quais gastos são aceitáveis ou não e como devem agir quando encontrarem excessos.
Para o sucesso na sua empresa, é essencial a criação de uma base sólida focada na cultura voltada para a redução de custos e otimização de resultados. Para isso, confira as dicas que separamos para te auxiliar nessa tarefa:
1 – Automatize o máximo possível sempre
A automação é um pilar importante na estrutura FinOps. Automatize o máximo possível do processo de gerenciamento de custos dos serviços na nuvem para economizar tempo e dinheiro. Por exemplo, defina alertas para quando limites específicos de serviços e níveis de gastos forem violados. Ou crie limites de uso para aplicativos in cloud e regras automáticas com base no tempo ou quantidade de usuários.
2 – Monitore os resultados
Estabeleça as principais métricas nas quais você confiará para rastrear os custos da nuvem e seu desempenho. Encontre uma plataforma que o ajude a visualizar e entender essas métricas, junto com mecanismos de relatórios que resumem as informações para as principais partes interessadas.
3- Falhe rapidamente
Uma grande vantagem da computação na nuvem está na velocidade com que os serviços podem ser acessados e usados. O cloud permite que as empresas adotem uma mentalidade de “falhar rápido”, ou seja, falhas são inevitáveis em qualquer projeto, mas devem ser rapidamente identificadas e corrigidas.
4- Entenda o que realmente deve ser colocado na nuvem
A computação na nuvem tem desempenhado um papel crucial na transformação da infraestrutura de TI. Ao invés de investir em ativos físicos caros e de manutenção complexa, as empresas podem agora simplesmente alugar recursos conforme necessário.
No entanto, essa revolução não deve ser interpretada como um sinal de que as soluções de TI locais (on-premise) ou os mainframes estão se tornando obsoletos. Em um cenário tecnológico dinâmico, é prudente evitar tomar decisões embasadas apenas no hype.
5- Escale sua infraestrutura junto com segurança cibernética
A computação na nuvem revolucionou o campo da infraestrutura de TI. Os benefícios oferecidos por esse modelo incluem escala e segurança, além de permitir a flexibilidade de ampliar ou reduzir os recursos de acordo com as demandas da empresa. “Essa é uma das vantagens da nuvem, sem gerar custos excessivos, especialmente durante os picos”, aponta Sérgio.
Quanto à segurança, houve uma mudança significativa na percepção ao longo da última década. Atualmente, acredita-se que a computação na nuvem é geralmente mais segura do que manter sistemas internamente, embora a segurança ainda seja uma consideração primordial. Gama ainda continua que “uma nuvem não pode ter falha de segurança. Uma coisa é: a estrutura, fisicamente falando, é segura. Então, a estrutura ali, mesmo sendo uma infraestrutura na nuvem, também tem que ser segura.”
No que diz respeito à segurança, os provedores de nuvem investem fortemente em sistemas robustos para proteger seus serviços de possíveis falhas ou ataques, o que é extremamente necessário diante dos ataques cada vez mais frequentes nos dias de hoje.
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No entanto, é importante esclarecer um equívoco comum: migrar um sistema para a nuvem não isenta a empresa de suas responsabilidades em relação à segurança do sistema. A segurança oferecida por um provedor se refere à infraestrutura física e lógica do serviço e não se estende a sistemas inseguros ou mal projetados que são implantados na nuvem.
6- Avalie continuamente os Custos
Apesar dos benefícios evidentes, a computação na nuvem também apresenta seus desafios. Uma das principais barreiras para a adoção bem-sucedida da nuvem encontra-se na resistência cultural e na falta de compreensão de como ela deve ser usada. Muitas empresas falham em reconhecer que a transição de uma infraestrutura on-premise para a nuvem não é uma simples replicação dos modelos antigos, mas sim, uma oportunidade para reavaliar e refinar suas práticas e estratégias de TI.
Um problema comum encontrado por empresas que migram para o modelo cloud é um aumento paralelo nos custos de infraestrutura à medida que o uso da nuvem cresce. Isso é um indicativo de que algo está errado, seja na arquitetura do sistema, seja na maneira como a infraestrutura está sendo usada.
Nessa hora, o uso do FinOps se torna essencial. O estudo da IDC Brasil para este ano mostrou que 93% das empresas entrevistadas pretendem diminuir seus custos através da utilização da nuvem, utilizando o FinOps para automatizar esse processo e investir em provedores de serviços gerenciados.
7 – Pense em uma arquitetura exclusiva para uso na nuvem
A introdução da computação em nuvem no mercado, no entanto, encontrou resistência significativa, especialmente de profissionais acostumados a ter controle direto sobre a configuração dos sistemas. Conforme a computação na nuvem amadurece, o desafio será evoluir esses modelos para tirar total proveito das oportunidades oferecidas pela tecnologia in cloud.
Com base em uma perspectiva crítica, alguns profissionais, inclusive o CTO Sergio Gama, expressam insatisfação com os modelos atuais de uso da nuvem por muitas empresas. Esses especialistas acreditam que muitas soluções simplesmente replicam os modelos on-premise (um processo conhecido como “lift-shift”), sem aproveitar todo o potencial que a computação na nuvem poderia oferecer.
Segundo Gama, uma evolução do modelo de computação na nuvem não pode mais ser adiada. No lugar de um processo de configuração detalhada, deveria ser possível declarar as necessidades e comportamento esperado de uma aplicação, permitindo que o sistema se configure automaticamente. “Eu acho que a gente precisa dar um passo, uma evolução. Não uma revolução, mas sim, uma evolução, onde eu vou rodar uma aplicação e vou dizer textualmente que essa aplicação precisa disso, disso e disso, ela vai se comportar dessa maneira e a tendência é crescer assim”.
8- Aprenda a usar a Inteligência Artificial (IA) a seu favor
A inteligência artificial e a computação na nuvem têm potencial para resolver muitos desafios de infraestrutura. A capacidade de escalar recursos com base no uso, e a mudança de um modelo de gastos de capital (CAPEX) para um modelo de gastos operacionais (OPEX), têm sido vitais para muitas organizações. No entanto, é fundamental que essas tecnologias sejam utilizadas de maneira estratégica e não como uma solução para todos os problemas.
9- Abuse do Serveless
A Serverless é uma tecnologia autogerida que se adapta dinamicamente ao volume de requisições. Com Serverless, não há necessidade de instalar um servidor convencional e executar uma aplicação continuamente. Ao invés disso, ela é acionada sob demanda, executando funções específicas de acordo com os requisitos da situação.
Essa abordagem assegura que o sistema não desperdice recursos quando o volume de requisições é baixo. O sistema ‘adormece’ após atender às requisições e se ‘desperta’ automaticamente quando necessário. Isso torna a Serverless uma opção de alta eficiência, oferecendo escalabilidade sem os custos excessivos normalmente associados a sistemas convencionais.
“Criamos um sistema cujo tamanho era incerto – poderíamos ter mil, cem mil, um milhão, cem milhões de pessoas conectadas. Com o serverless, conseguimos lidar com esse nível de incerteza, porque ele se adapta conforme os requisitos, criando o ambiente necessário. Esse sistema conseguiu suportar centenas de milhares de usuários sem problemas”, completa Sérgio.
O futuro do Finops está na cloud computing?
Como bem aponta Sérgio Gama, usar a Cloud Computing vai muito além do que somente fazer a migração de dados e softwares para a nuvem. “Eu não estou pensando em infraestrutura, cabeamento, rede, governança, servidores, compra de equipamento e na segurança desse ambiente todo. Eu não estou pensando em nada disso. Eu faço a alocação de tudo no provedor da nuvem. Isso é fantástico!” E, nisso, usar o FinOps garante uma maior otimização no uso da cloud de forma segura e objetiva.
Apesar da economia, a liberdade e a praticidade que um sistema de nuvem traz excede somente o valor econômico. Tem a ver com aproveitar oportunidades. “Se eu estou pensando em algo inovador e estou querendo testar e implementar, a Cloud Computing vai me dar essa vantagem porque, se eu tiver que equipar uma máquina, falar com o meu CFO e pedir dinheiro para colocar um servidor para testar algo, isso vai levar tempo, dinheiro, e vai ser um processo longo. Aí, eu já perdi o bonde, o negócio já passou”, conclui Gama.
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